Hospital Universitário discute a prevenção em câncer de pulmão com Tomografia Helicoidal de Baixa Dose
Fleck, J.F.: Conexão Anticâncer, 26(01): 2016
Avaliações epidemiológicas internacionais revelam que o câncer de pulmão lidera os dados estatísticos de incidência e mortalidade. A maior parte dos casos de câncer de pulmão (50%) é diagnosticada em fase de doença metastática, outra parcela significativa (30%) é detectada já em fase localmente avançada e portanto irressecável. Somente 20% dos casos são diagnosticados em estádios I e II, apresentando doença ressecável e maior probabilidade de intervenção curativa.
Este cenário precisa ser modificado e a questão central é o diagnóstico precoce. No passado, vários estudos prospectivos internacionais revelaram a impossibilidade de melhorar a precocidade do diagnóstico utilizando Rx de tórax ou citologia do escarro. Felizmente, uma nova técnica de imagem denominada tomografia computadorizada helicoidal de baixa dose (TCBD) vem tendo sucesso na identificação de casos com expressão clínica precoce e reduzindo a mortalidade.
O National Lung Screening Trial analisou mais de 50 mil pessoas divididas aleatoriamente para um braço do estudo com TCBD versus o outro braço com Rx de tórax. O trabalho foi publicado no New England Journal of Medicine e o braço do estudo com TCBD permitiu detectar o câncer de pulmão em fase mais inicial, conferindo redução em mortalidade.
Referência:
The National Lung Screening Trial Research: Reduced Lung-Cancer Mortality with Low-Dose Computed Tomographic Screening, NEJM 365(5): 395 – 409, 2011
Tendo em vista a incidência e a mortalidade do câncer de pulmão no Brasil e no mundo parece óbvia a necessidade de rastreamento, especialmente para população exposta a fatores de risco como, por exemplo, o tabagismo. No entanto, precisamos avaliar a presença de falsos positivos e sua consequência negativa para os pacientes. A Tomografia Helicoidal de Baixa Dose, apesar de poder divergir em resultados entre a população estudada e aplicada, apresenta um impacto positivo devido à possibilidade de diagnóstico precoce naqueles que realmente apresentam a doença, já que a maior parte dos CAs de pulmão já se encontram em estágio metastático ou localmente avançado quando são descobertos.
A tomografia Helicoidal de Baixa dose surge como um método de rastreamento para câncer de pulmão, sua aplicação no nosso meio foi muito discutida durante o vídeo. Não apenas o custo, mas também a sensibilidade do teste e a população que deve ser avaliada. Nesse sentido, recomenda-se a avaliação para pacientes como alto risco, num primeiro momento esses seriam os tabagistas pesados, mas há busca por métodos de rastreamento genético em que se encontre pacientes com maior predisposição para neoplasia de pulmão. Enfim, é revolucionário um método que consiga reduzir de fato a mortalidade por essa neoplasia que é a que mais mata no mundo.
Os achados do estudo The National Lung Screening Trial são revolucionários por demonstrar que é possível reduzir "desfechos duros" como mortalidade por Câncer de Pulmão e por qualquer causa com o uso da Tomografia Helicoidal de Baixa Dose em pacientes com alto risco. Novos desafios para o rastreamento do câncer de pulmão são encontrar métodos efetivos para o rastreamento em populações que não sejam as de alto risco. Ademais, a implantação de uma política de rastreamento no sistema de saúde brasileiro é um enorme desafio, tendo em vista que outros métodos de rastreamento efetivos e mais simples que a Tomografia Helicoidal de Baixa Dose, tais como o teste de Papanicolau para o rastreamento de Câncer de Colo de Útero, encontram dificuldades de aderência e de implantação. Por fim, é importante reafirmar a magnitude desse achado, pois ele permitirá que diagnósticos precoces sejam feitos e vidas sejam poupadas de uma doença tão letal como é o Câncer de Pulmão.
Trazer a tona essa discussão e as evidências do uso da Tomografia Helicoidal de Baixa Dose como método de rastreio para pacientes de alto risco para desenvolvimento de câncer de pulmão é, com certeza, uma perspectiva incrível tanto para a oncologia como para a pneumologia. Em um país e em uma cidade (Porto Alegre, RS) em que o tabagismo é ainda bastante presente e o acesso à saúde, por vezes, é precarizado por diversos determinantes sociais, levando pacientes a buscarem/conseguirem atendimento somente em estágios de doença já bastante avançados, trazer uma forma de evitar desfechos piores e, por conseguinte, melhorar a qualidade de vida e a sobrevida dos pacientes torna-se um grande aliado no combate ao câncer de pulmão, um dos maiores problemas mundiais oncológicos.
A Tomografia Computadorizada de Baixa Dose é um grande incremento ao Screening de neoplasias torácicas, visto que avança muito em sua detecção em relação a rastreios com uso de radiografia no que tange a mortalidade e rastreio precoce. Os resultados no NLST trial já foram corroborados por ensaios em outros países, como Alemanha (LUSI trial) e Itália (MILD) No entanto, a alta porcentagem de falsos-positivos e a tecnologia empregada no rastreio tornam mais desafiadores a implementação deste em países subdesenvolvidos, com maior prevalência de doenças granulomatosas e menor disponibilidade de tomógrafos, técnicos e especialistas.
Grand Round do HCPA sempre com ótimos conteúdos e profissionais da mais alta qualificação. Qualquer avanço em direção à redução da mortalidade e melhora na qualidade de vida é de enorme importância, e isso se dá, muitas vezes, através de novas técnicas de screening. Considerando a epidemiologia do câncer de pulmão (neoplasia com maior incidência e mortalidade no mundo), sua rápida progressão e seu diagnóstico tardio, é uma doença cujo novo método de rastreio merece destaque: Tomografia Helicoidal de Baixa Dose, que ajuda a reduzir a mortalidade em até 20%. No entanto, é importante a seleção refinada da população-alvo (com alto risco de neoplasia), a fim de se obter melhor rendimento e custo-benefício do método e evitar exposição à radiação ionizante e o fator ansiogênico da presença de lesão pulmonar, devido à alta porcentagem de falsos-positivos.
Parece-me, assistindo ao vídeo, que assim como o screening de câncer de próstata (psa) , o rastreamento de câncer pulmonar deve ser feito forma mais seletiva já que existe alto risco de falsos positivos, ou seja, baixa especificidade. Como dito no vídeo, é preciso ter um risco relativamente alto de desenvolvimento de neoplasia pulmonar como idade avançada, alta carga tabágica e que tenha fumado nos últimos 15 anos e critérios que ainda estão em desenvolvimento como marcadore bioquímicos. É imperativo, que a medicina consiga detectar cânceres em seus estágios iniciais para aumentar a qualidade de vida, prognóstico e taxa de mortalidade.
O carcinoma brônquico é neoplasia maligna de maior incidência e mortalidade no mundo, por isso os esforços de buscar um método de rastreamento efetivo. O advento da tomografia computadorizada (TC) helicoidal de baixa dose vem alterando o panorama do rastreamento do câncer de pulmão, com estudos indicando que a TC de baixa dose detecta muitos tumores em estágios iniciais. Apesar da redução da mortalidade, algumas limitações ainda se impõem para a aplicação desse exame em plenitude, como o alto número de falsos-positivo e a indicação para pacientes com alto risco – nesse sentido, um importante desafio para o rastreamento do câncer de pulmão é encontrar um método para o rastreamento custo-efetivo em populações que não sejam as de alto risco.
A Tomografia Helicoidal de Baixa Dose é um método de rastreamento promissor para o câncer de pulmão, reduzindo a mortalidade em até 20%. No entanto, é importante selecionar cuidadosamente a população-alvo, considerando fatores de risco como o histórico de tabagismo, para obter melhores resultados. A interpretação dos resultados deve ser feita com cautela, levando em conta o contexto clínico do paciente. A implementação desse método em países subdesenvolvidos pode enfrentar desafios adicionais. Em resumo, a Tomografia Helicoidal de Baixa Dose oferece potencial para melhorar a detecção precoce do câncer de pulmão e reduzir a mortalidade, mas requer uma abordagem cuidadosa e adaptada às circunstâncias locais.
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