Valores humanos essenciais são despertados quando o câncer é diagnosticado
Entrevista com o médico oncologista Dr. James Freitas Fleck por ocasião do lançamento de seu livro "Conexão Anticâncer - as múltiplas faces do inimigo interno". A publicação contém histórias fictícias de pessoas com câncer e tem por objetivo enfatizar aos leitores que os pacientes necessitam participar ativamente do processo de tratamento para conseguir alcançar a cura da doença.
Além disso, no vídeo o Dr. Fleck comenta que o câncer precisa ser desmistificado, pois é uma doença de alta prevalência no mundo. São 12,7 milhões de casos novos por ano. A incidência acumulativa revela que uma em cada três mulheres e um em cada dois homens vão ter câncer ao longo da vida. Trata-se de uma doença muito frequente e que precisa ser enfrentada por toda a sociedade. Ele ressalta que a educação é o fator mais importante para a prevenção do câncer e que a empatia na relação médico-paciente sustenta os melhores resultados do tratamento.
Outro ponto relevante na entrevista são as estatísticas positivas que o Dr. Fleck cita no vídeo. Apesar das pessoas ficarem apreensivas com o diagnóstico de câncer, muitas são curadas e outras podem ter longa sobrevida.
O câncer precisa ser desmistificado, os pacientes precisam se apoderar do processo de tratamento e acreditar na cura. Para que isto ocorra de forma mais suave e tranquila é fundamental um relacionamento baseado na confiança e simpatia com seu médico.
Em que pese o necessário distanciamento requerido pela técnica que o médico deve dominar é imprescindível que ele se mantenha atento as necessidades individuais de cada paciente, se mostre preocupado com "aquele" ser humano e, a par de seu conhecimento, se permita ser também um parceiro das preocupaçoes e angústias do paciente. A confiança nasce da cumplicidade, permitir que essa confiança se desenvolva, sem dúvida, poded contribuir em muito para o sucesso do tratamento.
Os capítulos ofertam grandes reflexões as quais eu não estimava: quão essencial é essa conexão e a sinergia que é possível alcançar, beneficiando tanto o paciente quanto o médico.
Apesar de não se poder esquecer do quão imprescindível é a técnica no tratamento oncológico, não se pode também ignorar a importância do viés individual, do contato humano. É importante a preocupação com o outro e a identificação das angústias do paciente, visto que a eliminação dessas por meio do estabelecimento da uma relação de confiança auxilia no sucesso do tratamento, reduzindo, portanto, o sofrimento do paciente. Não existe um tratamento único ao qual os pacientes devem todos se encaixar, mas sim pessoas que precisam ter seus anseios e preocupações explorados, de modo a garantir a terapia mais adequada às necessidades do paciente.
O diagnóstico “câncer” representa um grande choque para pacientes e para seus familiares, pois associa-se a uma série de crenças e sentimentos negativos, que permeiam essa doença há muito tempo na humanidade. De fato, é quase impossível que um paciente apresente uma reação completamente positiva ao se descobrir doente e sentimentos negativos se relacionam a qualquer tipo de patologia. No entanto, em se tratando do diagnóstico de câncer, é comum que os pacientes mostrem reações muito exacerbadas frente ao diagnóstico, quando comparamos com outras doenças. Essas reações costumam envolver susto, negação, angústia, medo, preocupação, revolta, entre tantos outros sentimentos perturbadores. A palavra “câncer” carrega consigo um estereótipo negativo: grande parte das pessoas a relaciona à imagem de um paciente terminal. Todavia, com o diagnóstico precoce e os avanços enormes em opções de tratamento (inclusive a medicina personalizada), o câncer é curável e/ou controlável na maioria dos casos. Junto ao avanço tecnológico, é fundamental que seja suscitada uma renovação na forma de conceber a palavra “câncer”. Nesse sentido, são de suma importância materiais que tragam ao público geral uma desmistificação do câncer, para que possa passar a ser encarado como uma doença que precisa de atenção e tratamento, mas não como uma “sentença de morte”. A criação de sentimentos de esperança e confiança no plano de tratamento e na equipe de saúde têm reflexos muito positivos no enfrentamento da doença e dos desafios por ela impostos, bem como no prognóstico do paciente.
É cada vez mais importante compreendermos que o diagnóstico de câncer não é uma sentença de morte nem deve ser um diagnóstico a ser referenciado como "aquela doença". Quanto mais for de conhecimento comum que o câncer é frequentemente tratável e curável, maior a chance de que os pacientes, médicos e familiares poderão transcorrer o tratamento com o menor sofrimento psíquico possível, com uma atitude de esperança e vitalidade. São frequentes as publicações científicas que associam tanto estado de espírito quanto até mesmo a fé com melhores desfechos em neoplasias, e creio que a desmistificação do câncer pode fazer diferença neste processo para paciente e familiares.
Lembro quando descobrimos que minha avò estava com uma neoplasia de pulmão e todos da família ficamos angustiados com a notícia. Fomos desmistificando a condição durante o processo pelo qual ela passou e, felizmente, os desfechos foram bons. Aquilo que achávamos ser uma morte eminente, tournou-se uma história, somente.
O diagnóstico de câncer traz consigo uma série de reações emocionais inerentes ao conceito mistificado de câncer que a população em geral apresenta. É importante uma relação de confiança entre médico e paciente nesse momento, no sentido de que o médico possa transmitir a noção de que os avanços terapêuticos obtidos nas últimas décadas mudaram radicalmente o prognóstico de muitas neoplasias e que, portanto, esse diagnóstico não é sinônimo de sentença de morte. Essa relação harmoniosa de confiança facilitará a aceitação do diagnóstico pelo paciente e, mais do que isso, encorajará o paciente a ser ativo no seu tratamento e potencializar os resultados.
Apesar de muitos avanços científicos atualmente conhecidos pela comunidade acadêmica e especialistas, ainda há um estigma em relação ao câncer. Muitas das inseguranças, do medo e do sofrimento antecipatório dos pacientes e familiares decorrem de um preconceito popularizado para com o diagnóstico, comumente associado com terminalidade iminente, sofrimento físico e psíquico. Desse modo, é essencial que o profissional da saúde atue como interlocutor do conhecimento para seus pacientes e para a comunidade em geral, munindo-os informações atualizadas e confiáveis, em linguagem acessível, visando combater o "preconceito" por meio da educação.
Quando surge um problema, temos duas possibilidades: fugir ou enfrentar. O câncer desperta pavor na maioria dos pacientes, já que está vinculado com a morte. Esse apavoramento é perigoso, pois pode desencadear a fuga. Portanto, o profissional da saúde deve mostrar aos pacientes que esse vínculo com a morte está equivocado, visto que a maior parte das neoplasias tem cura. Isso gerará conforto, suscitando o enfrentamento.
O diagnóstico do câncer traz uma grande angústia para os pacientes e seus familiares devido ao estigma que a doença carrega, por conta disso a desmitificação do câncer e o conhecimento das atual estatísticas de cura graças aos avanços da medicina são de extrema importância para o paciente poder aderir e participar ativamente do seu processo de tratamento.
Acho difícil comentar sobre esse assunto, pois pessoas próximas a mim faleceram de câncer. Confesso que ainda carrego esse estigma comigo. Contudo, jamais transpareceria tal pensamento a um paciente pois racionalmente sei que não ajuda em absolutamente nada ser pessimista. Esse senso comum pode levar a recusa dos pacientes em buscar atendimento médico que poderia salvar suas vidas ou trazer uma melhora significativa em na qualidade de vida. Inclusive, pode levar à depressão e, até, piora do prognóstico.
Quando ouvimos a palavra "câncer", já nos vem em mente pensamentos intrusivos e negativos, apesar de toda a evolução que a medicina vem apresentando quanto aos tratamentos antitumorais atualmente. É indispensável, apesar disso, que o próprio paciente encare a doença, mesmo com angústia, medo e incertezas. Sei bem disso, pois meu pai foi diagnosticado este ano com câncer de pulmão e ele temia em falar esta palavra, e o início foi de muita insegurança, porém, com o apoio de amigos, família e autoconhecimento, ele conseguiu enfrentar essa luta, saindo mais forte dessa. Ademais, contou com uma equipe profissional excelente, cuja relação médico-paciente foi essencial durante o tratamento, algo que sempre deveria acontecer.
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