Vacinas podem prevenir câncer

Fleck, J.F.: Conexão Anticâncer, 14(1):2015

O vírus é um agente infeccioso muito simples, constituído apenas por DNA ou RNA envoltos por um revestimento de proteína. Como suas dimensões são muito pequenas foi muito difícil visualiza-lo, pois não aparecia mesmo sob o microscópio ótico. Foi somente em 1931, com o uso do microscópio eletrônico, que o vírus foi visto pela primeira vez.

 O vírus não tem vida própria e precisa colonizar as células de outros organismos vivos para sobreviver. Porém, uma vez inoculado em outro ser vivo, adquiri alta capacidade de replicação e potencial interferência na programação biológica do organismo colonizado.

 Cerca de 10% dos tumores malignos tem relação com vírus. No interior da célula, o vírus por meio de transcrição reversa, produz cópia de seu DNA, promovendo, em sequência, sua translocação para o núcleo da célula hospedeira, onde alterando sua programação genética, pode promover a transformação tumoral.

 Diversos vírus podem desestabilizar a programação de células normais. O papilomavírus humano ou HPV apresenta quatro subtipos associados a 70% dos casos de câncer de colo uterino. A vacina atua sobre estes quatro subtipos e deve ser administrada antes do início da atividade sexual. Advisory Committee on Immunization Practices do CDC de Atlanta, nos Estados Unidos, indica a vacina para todas as meninas na adolescência (entre 11 a 12 anos de idade). O HPV está também relacionado com câncer no ânus, vagina, vulva, pênis e região do orofaringe (garganta).

 Os vírus da hepatite B e hepatite C também são carcinogênicos. Anualmente, cerca de 0,5% dos indivíduos com hepatite B e 1,4% com hepatite C desenvolvem cancer no fígado (carcinoma hepatocelular). Novamente, atenção deve ser dada a campanhas de vacinação, especialmente em população de risco.

 Outras formas de vírus associadas ao câncer são o HIV, o Epstein-Barr vírus (EBV) e o HTLV, associados respectivamente com linfomas e leucemias.