Na busca pela cronificação, uma vitória no fotochart
Peixoto, J & Fleck, JF: Conexão Anticâncer 09(10), 2018
A angiogênese é um importante alvo terapêutico na cronificação do carcinoma colorretal. Em abril de 2015, um estudo publicado pelo Lancet Oncology motivou a aprovação do uso de ramucirumab na segunda progressão do carcinoma colorretal metastático. Previamente, já havia evidência de que a inibição da angiogênese via vascular endothelial growth factor-A (VEGF-A) e vascular endothelial growth factor receptor-2 (VEGFR-2) era eficaz no tratamento do carcinoma colorretal metastático em primeira linha. O ramucirumab é um anticorpo monoclonal IgG-1 que se liga ao domínio extracelular do receptor para VEGF-2, promovendo inibição da angiogênese. O estudo prospectivo, multicêntrico, randomizado e duplo cego de Fase III, conhecido pelo acrônimo RAISE, avaliou a eficácia e segurança do ramucirumab versus placebo na combinação com quimioterapia (FOLFIRI) em pacientes com carcinoma colorretal metastático que apresentaram progressão da doença durante ou após o tratamento de primeira linha com bevacizumab+ quimioterapia (FOLFOX).
Foram elegíveis, pacientes que apresentaram progressão da doença durante o tratamento de primeira linha, com extensão da inclusão até 6 meses após o seu término. Os pacientes foram randomizados (1:1) para FOLFIRI+ ramucirumab ou FOLFIRI+ placebo a cada 2 semanas até progressão de doença, toxicidade inaceitável ou morte. A randomização foi estratificada por região, estado de mutação do KRAS e tempo para a progressão da doença após o início do tratamento de primeira linha. O desfecho primário foi a sobrevida global (SG) na população intention-to-treat. A sobrevida global mediana foi de 13,3 meses para pacientes no grupo com ramucirumab versus 11,7 meses no grupo placebo (HR 0,84 log-rank p = 0.0219). Os principais efeitos adversos foram relacionados a sangramento, já descritos previamente no uso de terapia anti-VEGF. Os achados do ensaio clínico RAISE são consistentes com aqueles descritos nos estudos TML e VELOR que, respectivamente, avaliaram drogas anti-VEGF (bevacizumab ou aflibercept) em combinação com quimioterapia na segunda linha de tratamento do carcinoma colorretal. A pequena vantagem em SG (1,6 meses) obtida no fotochart deve ter seu uso clínico sustentado em avaliação de custo-efetividade.
Referência:
Josep Tabernero, Takayuki Yoshino, Allen Lee Cohn, et al: Ramucirumab versus placebo in combination with second- line FOLFIRI in patients with metastatic colorectal carcinoma that progressed during or after first-line therapy with bevacizumab, oxaliplatin, and a fluoropyrimidine (RAISE): a randomized, double-blind, multicenter, phase 3 study, Lancet Oncol 16: 499–508, 2015
É muito interessante a forma como a medicina busca de modo constante novas armas para enfrentar antigos inimigos. Como especificado pela matéria, o uso do ramucirumab, um anticorpo monoclonal igG-1 se mostrou eficaz, quando testado contra placebo, para estender a vida daqueles com carcinoma colorretal metastático resistente ao tratamento de primeira linha. Ao fim do artigo, se comenta que o uso de tal medicação, dependeria de avaliação de custo-efetividade. Apesar dos resultados, me veio à mente a dúvida de como seria, de fato, a qualidade de vida dos enfermos nesse tempo proveniente dos efeitos da medicação. Acredito ser algo importantíssimo para a tomada de decisão de alterar e/ou adicionar um tratamento, quando pensarmos no ponto de vista do paciente.
Faça o login para escrever seu comentário.
Se ainda não possui cadastro no Portal Conexão Anticâncer, registre-se agora.