Prontuário Eletrônico Único e Personalizado (e-PUP)

Uma nova metodologia científica baseada nas necessidades e direitos dos pacientes

Fleck, JF: Conexão Anticâncer 04 (05), 2020

PUP significa Prontuário Único e Personalizado. A sigla vem precedido pela letra e porque está em formato eletrônico (digital), especialmente projetado para facilitar o upload de todos os dados do paciente. O sistema está centrado nas necessidades e direitos do paciente. O registro pertence ao paciente, como um documento de identidade (RG ou CPF). O paciente é solicitado a preencher o registro. Todo o restante da informação é incluído pelo médico assistente, o qual é responsável ​​pela qualidade dos dados. O médico é orientado a criar uma lista de problemas, de acordo com o POMR (problem-oriented medical record) descrito por Lawrence Weed e praticado universalmente. O paciente é estimulado a interagir ativamente com o médico assistente para qualificar melhor a lista de problemas. Uma base de dados composta por histórico clínico, exame físico e alguns dados laboratoriais preliminares apoia a criação da lista de problemas. Com base em cada problema numerado, o médico define seu plano de intervenção, o qual é mantido sob vigilância até a resolução. Além disso, é feito o upload de relatórios, imagens e vídeos de cada exame de diagnóstico ou acompanhamento, ficando armazenado no ícone projetado. O e-PUP também fornece uma lista de eventos, gerada automaticamente e um resumo clínico, incluindo todas as informações. O acesso ao e-PUP é baseado em um nome de usuário e senha exclusivos de cada paciente. Somente o paciente tem o direito de compartilhar informações. O compartilhamento de dados é gerenciado pelo paciente e restrito a profissionais ou instituições diretamente envolvidas em sua assistência médica.

Na área da saúde, o melhor nível de evidência é fornecido por estudos prospectivos aleatórios (EPA), revisões sistemáticas e metanálises. Os EPA estão associados à lenta aquisição de resultados maduros. Revisões sistemáticas e metanálises são baseadas em dados já publicados, revelando severas limitações na validação de novas intervenções. A lacuna pode ser suprida com uma nova interação entre Medicina e Tecnologia. Na área da saúde, homem e máquina não são competitivos, nem mutuamente exclusivos. Eles devem cooperar explorando habilidades complementares. O primeiro passo é um banco de dados confiável. Um registro eletrônico de saúde personalizado forneceria o banco de dados necessário. Sustentado no consentimento informado dos pacientes, o e-PUP iria gerar uma grande quantidade de dados que poderiam ser analisados, ​utilizando as novas tecnologias de machine learning e deep learning. A nova abordagem aceleraria o processo para obter resultados associados à demanda imediata. A implementação do novo conceito também poderia permitir a identificação de novos padrões de diagnóstico por imagem, tanto em radiologia quanto em patologia, revelando expressões de autossimilaridade, quase-autossimilaridade ou autossimilaridade estatística. Os polimorfismos genéticos têm sido cada vez mais descritos e a metodologia de big data poderia ser usada para identificar melhor os grupos. A análise de subgrupos é também aprimorada por um número maior de dados. Como a implementação do e-PUP implica em problemas de solução mal estruturados, o uso da inteligência coletiva pode superar eventuais lacunas e a esperada resistência à inovação. Todas os stakeholders são convidadas a colaborar. Vá para www.ephr.org e faça seu comentário.

 

Referências:

 

1.     www.ephr.org

2.     Photo by Taras Chernus on Unsplash