Pacientes desacompanhados ou solitários tem pior desfecho no enfrentamento do câncer
Fleck, J.F.: Conexão Anticâncer, 14(12):2014
Um estudo liderado pela Universidade de Harvard e publicado no Journal of Clinical Oncology em 2013 revela que o status marital tem influência na sobrevida de pacientes com câncer. Foi utilizado a base de dados do Surveillance, Epidemiology and End Results (SEER) contendo mais de um milhão e duzentos mil pacientes diagnosticados com os dez tipos mais frequentes de câncer. Observou-se que os pacientes casados eram menos propensos ao diagnóstico tardio, com doença já disseminada e consequentemente apresentavam um maior índice de tratamentos com intensão curativa. A conclusão mais importante foi de que pacientes casados por ocasião do diagnóstico do câncer tinham menos risco de morrerem da doença. O estudo chama a atenção para a importância do suporte familiar e social na detecção, tratamento e cura do câncer.
Na mesma linha, um levantamento feito no Reino Unido pela instituição Macmillan Cancer Support, apontou que pessoas que não possuem nenhum tipo de apoio familiar ou de amigos, são três vezes mais propensas a ter recaídas durante o tratamento do câncer do que aqueles que não estão sozinhos. Para fazer o estudo, os pesquisadores entrevistaram mais de 1.000 pessoas que foram diagnosticadas com câncer. Eles descobriram que uma em cada cinco pessoas mantem-se solitária desde o diagnóstico. Os pesquisadores alertam que pessoas sozinhas acabam não seguindo todas as recomendações do médico, causando assim uma maior dificuldade para alcançar a cura da doença. Na maioria dos casos, os pacientes deixam de tomar os medicamentos receitados, deixam de participar de grupos de apoio, marcam exames e consultas, mas não comparecem. Ciaran Devane, presidente-executivo da instituição que realizou o estudo, disse: "Nós já sabemos que a solidão pode ser tão prejudicial quanto fumar, mas esta pesquisa mostra, pela primeira vez, que ela é particularmente tóxica para os pacientes com câncer”.
Referencias:
Ayal A. Aizer, Ming-Hui Chen, et al: Marital Status and Survival in Patients With Cancer, Journal of Clinical Oncology 31: 3869-3876, 2013 http://www.lifemattersmedia.org/wp-content/uploads/2013/10/JCO-2013-Aizer-JCO.2013.49.6489.pdf
http://www.macmillan.org.uk/Aboutus/News/Latest_News/Lonelycancerpatientsthreetimesmorelikelytostrugglewithtreatment.aspx
Acredito que pacientes deprimidos desistam mais facilmente de seus tratamentos e que a tristeza e o desânimo façam com que o organismo fique mais suscetível e que a imunidade diminua. Por isto a importância do apoio familiar e de acompanhamento psicológico durante o tratamento oncológico. Os pacientes precisam ser constantemente motivados a acreditar na sua cura e na falta desta possibilidade em ter uma vida com maior qualidade.
O apoio emocional e o incentivo familiar e de amigos são essenciais para enfrentar o diagnóstico do câncer. Atitudes e sentimentos como amor, compreensão e cuidados com o paciente são fatores importantes na sua recuperação. O paciente precisa ser encorajado a enfrentar o tratamento e a continuar lutando pela vida, e nada melhor do que a união familiar e de amigos para dar esse suporte.
Geralmente é o familiar que percebe que alguma coisa está errada conosco e que dá aquele conselho : "Não seria melhor procurar um médico, fazer alguns exames?". Por isso a importância da família e amigos, antes e durante o tratamento, são pessoas que só querem te ver bem e portanto vão te acompanhar e dar força nesse difícil período, incentivando a continuar o tratamento e dando o apoio emocional tão necessário para seguir adiante na luta contra a doença.
Enfrentar um tratamento oncológico amparado pelo apoio e cuidado amoroso da família é essencial para o enfrentamento da doença e adesão ao tratamento.
A família desempenha um importante papel de encorajamento e apoio aos pacientes oncológicos . Podem oferecer conforto ,carinho e respeitar as necessidades apresentadas nesse momento .
Acredito que descobrir que estar com diagnóstico de câncer deve trazer sentimentos muito confusos, de difícil aceitação e compressão, tanto para o paciente, quanto para familiares e amigos. Todos os envolvidos devem nesse momento mostrar solidariedade e passar segurança e otimismo para o paciente, para que este não fique ainda mais triste e deprimido e, consequentemente não queira mais lutar pela vida ou realizar seu tratamento. Ouvir o paciente é algo fundamental, pois é um momento onde estão fragilizados precisando de atenção, então acho que neste momento nada melhor que a presença das pessoas que amamos por perto.
Acredito que o amor cura e transforma todas as coisas e, com certeza o apoio e o amparo da família em momentos como esse são essenciais, pois com a ajuda de pessoas que amamos tudo se torna mais fácil de suportar.
Este artigo comprova a importância da famíla, das relações , do afeto, da ajuda mútua. O individualismo, que infelizmente vemtomando conta da nossa sociedade além de outros pontos negativos surge também como um complicador no processo de cura. Por isso, por isso é importante repensar nossas relações e acreditar que a vida em sociedade deve ter como premissas, a comunhão, a solidariedade e o humanismo.
Diante de um paciente, é de extrema importância - principalmente quando se trata de um diagnóstico duro como o de câncer - que o médico considere não só as impressões do paciente, mas também com quem ele conta para lidar com a doença. Assim, o artigo comprova o papel benéfico de algo tão intrínseco à nossa vivência pessoal, mas que muitas vezes é deixado de lado na prática médica: a família (em todos os seus formatos) por trás de cada pessoa. "Quando as raízes profundas, não há por que temer o vento".
É sabido que faz parte do cuidado com a saúde, a rede de apoio do paciente, e considerando o impacto, da palavra “câncer” em meio a sociedade, é presumível a importância dessa rede de apoio. Em um diagnóstico tão duro como câncer, não surpreende que essa rede de apoio, como demonstrada a partir de relacionamento estável no artigo, tem impacto quanto a aderência, comprometimento e motivacional para o tratamento, e no fim das contas esse resultado tem impacto final na sobrevida do paciente.
É inegável que a vivência de uma doença como o câncer pode causar danos psíquico ao paciente e à família , podendo provocar, inclusive, uma ruptura ou desequilíbrio no seio familiar .No entanto , é nesse momento em que muitos laços podem se fortalecer através do cuidado, do amparo , do incentivo , da força e sobretudo do amor e levaram a impactos positivos como este evidenciado no artigo
Com esse estudos é possível observar o quão importante é o suporte familiar para um paciente com diagnóstico de câncer. Há dados que comprovam que quando em um relacionamento estável, os pacientes tendem a ter mais diagnósticos precocemente, interferindo assim no prognóstico e tratamentos, (inclusive no decorrer do tratamento),pode-se inferir que ter um aporte familiar/social é de suma importância para o paciente ser melhor "cuidado" por si mesmo e por terceiros. Então é importante o médico não trabalhar apenas com o paciente, mas também com a rede de apoio dele.
Sabemos que a oncologia é uma das áreas da medicina que mais avançaram nos últimos anos, proporcionando grandes modificações quanto aos tratamentos das neoplasias. Além dos benefícios trazidos pelos avanços científicos, que levam a maiores taxas de cura, sobrevida e qualidade de vida dos pacientes, é de extrema relevância que também sejam feitas pesquisas de cunho mais psicossocial, capazes de nos mostrar a influência do casamento e do suporte familiar na sobrevida de pacientes oncológicos. Lendo este artigo, torna-se claro que o apoio emocional e a ajuda de amigos e familiares são fundamentais em todos os momentos, sendo esses cuidados fatores essenciais para a recuperação dos pacientes.
Certamente a solidão é forte aliado do fracasso terapêutico. Vejo, grosseiramente, o bom convívio familiar como um sinônimom de satisfação pessoal, pois o apoio familiar eleva nossa auto-estima; o bom convívio familiar motiva os pacientes não só a se dedicar mais ao tratamento, mas acredito que isso interfira diretamente na patogenia do Câncer, assim como certas doenças psiquiátricas são fatores de risco para tantas outras doenças. A descoberta de um câncer é um grande baque para os pacientes e isso nunca deve ser menosprezado pelo profissional da saúde: devemos incentivar que a família esteja presente nessa batalha e ampare seu próximo. O estudo de Harvard avalia o status marital, porém é importante o apoio de amigos, colegas de trabalho, profissional da saúde que o acompanha, entre outros.
Sem dúvida os resultados destes estudos são extremamente interessantes. Apesar dos inúmeros avanços do ponto de vista científico e tecnológico são só na oncologia, mas na medicina de maneira geral, as relações interpessoais desempenham um papel muito importante na evolução de doenças. Como apontado por estes estudos, o impacto de uma relação conjugal vai desde o diagnóstico até o acompanhamento durante o tratamento do câncer. Como vimos também em umas das histórias relatadas no livro "Conexão anticâncer", o apoio do parceiro durante o tratamento mostra-se como um componente fundamental para manter-se forte em um dos momentos de maior fragilidade do ser humano.
Os estudos realizados pelas universidades de Harvard e do Reino Unido nos mostram evidências do impacto das relações interpessoais (entre familiares e amigos) para que, respectivamente, diagnósticos mais precoces e tratamentos seguidos mais adequadamente ocorram em pacientes oncológicos. Mesmo que tais estudos não tenham sido -obviamente- a melhor evidência (ECR), eles trazem dados estatisticamente significativos sobre a relação entre solidão e prognóstico desfavorável. Nesse sentido, é evidente que, bem mais do que apenas conhecimentos médicos -que vêm evoluindo abruptamente-, um bom prognóstico depende, também, do suporte de familiares e amigos ao paciente com câncer.
Interessantíssimo como as relações interpessoais surtem efeito positivo no processo curativo de doenças complicadas, como o câncer. Nesse sentido, vemos como o aspecto psicossocial do paciente é determinante. Somos, às vezes, levados a vangloriar medicamentos, e esquecemos que medidas simples, como estabelecer uma boa relação com o paciente. Vemos aqui, que não só o paciente, mas as pessoas que o cercam também são determinantes para um bom prognóstico. Com isso, é importante que abordemos, na nossa prática médica, a rede de apoio do paciente, que exploremos como esse se relaciona com sua família e amigos e, por vezes, solicitar que esses compareçam às consultas, para que possamos ampliar nossa influência, explicando o tratamento adequado a ser seguido e garantindo que os familiares tentarão mantê-lo. Uma pessoa com relações saudáveis tende a ter uma mente mais saudável e, por consequência, hábitos de vida mais saudáveis. Mesmo que isso não o impeça de adquirir quaisquer doenças ao longo da vida, com certeza permite um melhor manejo mediante a adversidade e, como demonstrado aqui, melhores resultados.
De maneira enfática, talvez pelo impacto que o estigma do câncer tem em nossa sociedade, os estudos apresentados mostram que de fato, para quem ainda não tem muito conhecimento sobre o assunto, uma rede de apoio é essencial à melhor adesão ao tratamento e a uma melhora no prognóstico. Partindo de pacientes com um relacionamento estável, e comparando-os a pacientes que não possuem nenhum tipo de apoio familiar ou de amigos, as chances de recaídas durante o processo do tratamento do câncer se mostraram significativamente maiores (3 vezes) do que aqueles que não estão sozinhos, outro fato comprovado no mesmo estudo, já que uma a cada cinco pessoas progride de maneira solitária desde o diagnóstico da doença, o que impacta diretamente em maiores dificuldades para a possível cura (pacientes deixam de tomar medicamentos receitados, deixam de participar de grupos de apoio, deixam de comparecer a exames e consultas, etc). Lidar com a descoberta e progressão do câncer sem dúvidas traz sentimentos estranhos, tanto para o paciente quanto para as pessoas que o rodeiam, e o apoio de todos neste momento é de fundamental importância no processo curativo, de quaisquer comorbidades.
As evidências trazidas por tais estudos servem para atentarmos ainda mais à existência da rede de apoio do indivíduo, sobretudo ao fato de ser um importante fator no curso da doença, impactando em sua adesão ao tratamento e por consequência, em sobrevida. A cada ano surgem novas tecnologias para melhorar o tratamento dos diversos tipos de cânceres visando garantir maior sobrevida e até cura. Contudo, as inovações científicas não atuam sozinhas: o indivíduo tem papel ativo em seu tratamento. Nesse aspecto a rede de apoio familiar se mostra muito eficaz pois aumenta a adesão e é um forte componente de como a doença é encarada, já que em um contexto de doença não só o indivíduo que a tem a vive; ela acarreta mudança em todo âmbito social da pessoa. Isso nos remete à importância não só de garantir um atendimento técnico qualificado, mas principalmente um atendimento baseado na visão global do indivíduo, buscando conhecer o perfil psicossocial e explorar a rede de apoio existente; mostrando-se ser essa uma ferramenta útil até mesmo para traçar perfil de sucesso terapêutico que tal indivíduo terá.
Com o avanço cada vez maior do conhecimento nas mais diversas especialidades, acaba-se esquecendo, muitas vezes, do quão fundamental as relações interpessoais permanecem sendo. O estudo apresentado nesse resumo torna ainda mais evidente a importância da rede de apoio no âmbito geral de qualquer pessoa, fazendo com que não só haja uma maior precocidade no diagnóstico como também uma melhor adesão ao tratamento subsequente. Desse modo, tal estudo demonstra, e reitera, o que jamais pode ser esquecido: o destaque do perfil psicossocial na vida do indivíduo. A medicina avança e segue avançando com o auxílio das novas tecnologias à nossa disposição; contudo, da mesma forma, cada vez mais fica-se evidenciado algo sempre existente na humanidade e que agora, mais do que nunca, demonstra seu valor com a comprovação científica: o relacionamento interpessoal e o apoio daqueles que nos amam.
A evolução humana sempre foi caracterizada pelo desenvolvimento da socialização como instrumento de criação e novas ideias, bem como pelo aperfeiçoamento das interações sociais. Tendo em vista a importância das relações no desenvolvimento intelectual da humanidade, não podemos desconsiderar as conexões e redes de apoio que formamos ao longo da vida no que tange à saúde física e mental. O câncer ainda é uma doença muito estigmatizada e todo paciente quando encara o diagnóstico passa por um momento de reflexão sobre a vida e sua brevidade. Quando isso acontece, é comum buscar ferramentas e motivações para enfrentar as dificuldades e, independente da doença, ter alguém próximo para se apoiar nesses momentos faz toda a diferença no prognóstico. Sabemos que quanto mais bem estruturada é a família de um paciente adicto, melhor é o processo de reabilitação. Inclusive, existem diversos estudos relatando o isolamento social como um dos principais sintomas da depressão, e o quanto a doença se agrava conforme o quadro persiste. Isso demonstra a importância da família, seja ela sanguínea ou não, como um todo: na saúde e na doença.
Mesmo com tratamentos cada vez mais específicos diante da grande gama de cânceres - observamos, por exemplo, alvos terapêuticos a moléculas extremamente particulares -, é de suma importância relembrar que as pessoas não são apenas conjuntos de micropartículas, células, tecidos e órgãos. Já que estão envolvidas por um meio comunitário, os indivíduos têm sua qualidade de vida diretamente impactada por suas relações interpessoais. Assim, mesmo que já soubéssemos (pelo inconsciente coletivo) o quão importante é o apoio familiar e social a cada ser humano, agora conseguimos comprovar por meio da ciência como esses fatores podem ser amplamente impactantes.
Cada vez mais comprova-se a importância da família e amigos nos desfechos de saúde, não somente ao bem estar psicológico, mas também ao físico. Entretanto, conforme citado na conclusão do artigo de referência dessa publicação, devem ser tomadas medidas para tentar diminuir essa diferença no rastreamento e adesão ao tratamento das pessoas mais solitárias. Ao paciente, deve ser muito difícil passar pelos efeitos adversos do tratamento do câncer, como da quimioterapia, sem receber nenhum auxílio em casa. Ampliar as campanhas de rastreio, garantir suporte emocional e fornecer total apoio ao doente são estratégias importantes que poderiam diminuir essa diferença.
A solidão é uma experiência puramente subjetiva e individual, podemos estar objetivamente sozinhos e sentir alegria por isso, ou estar cercado de amigos e familiares e não sentir identificação com nenhum. A solidão pode ser entendida como a fome ou o medo, ou seja, uma ferramenta do seu corpo para autopreservação, estar acompanhado significou maior chance de sobrevivência durante a evolução de todas espécies gregárias, como o ser humano, e tornou-se parte de nosso organismo (Cacioppo, J. T., & Patrick, W. (2008). Loneliness: Human nature and the need for social connection). Hoje em dia, há um novo entendimento de como solidão é prejudicial a saúde por acionar mecanismos neurais, hormonais e genéticos de sobrevivência que causam envelhecimento precoce, aumentam a velocidade da D. de Alzheimer e tornam o câncer mais mortal (Social Relationships and Health: The Toxic Effects of Perceived Social Isolation J. T. Cacioppo S.Cacioppo , 2014).
É bem observado na prática clínica que pacientes que não se sentem sozinhos (seja por apoio familiar, de amizades, de parceiro, ou ainda por crença em alguma religião, por exemplo) são mais otimistas e confiantes de que irão vencer a doença (como o câncer). Fica claro que o apoio emocional é de extrema importância num momento difícil como é o diagnóstico e o tratamento do câncer. O paciente pode estar recebendo o melhor e mais eficaz tratamento, porém, de acordo com esses estudos, vê-se que as relações interpessoais acabam por representar papel de incrível relevância na influência do enfrentamento da doença, além de que esse apoio pode ser essencial para que o pacienta siga firme e realize todas as etapas do tratamento, sem desistir. Ademais, ter apoio de outras pessoas, com toda certeza, faz com que, ao menor sinal de possibilidade de doença, seja buscado auxílio médico, e isso possibilita diagnósticos mais precoces, em que a doença esteja menos disseminada e consequentemente que haja chances melhores de sobrevivência/cura. Vale ressaltar, também, que acompanhamento psicológico para esses pacientes (que estão lidando com uma doença cujo tratamento é prolongado e tem chances de alta letalidade) pode ser muito benéfico, ainda mais para aqueles que se sentem/estão sozinhos, sem o apoio mencionado no artigo.
A solidão pode ser extremamente nociva para o paciente oncológico, impactando negativamente na aderência ao tratamento e no prognóstico. Tudo fica mais fácil quando temos alguém para “segurar a nossa mão”, alguém para caminhar ao nosso lado e não nos deixar desistir em tempos sombrios. O câncer é uma doença nefasta que impõe a sua vítima uma batalha árdua, que pode ser amenizada se no seu enfrentamento a pessoa estiver cercada por aqueles que a amam lhe dando carinho e cuidado constante, o que a faz ter mais motivação para lutar pela vida e acreditar na sua melhora. É importante que o médico investigue a rede de apoio que o paciente dispõe e o incentive a compartilhar o seu diagnóstico e se permitir receber ajuda nesse momento. Se o paciente não tiver com quem contar, pode-se buscar alternativas como grupos de apoio e acompanhamento psicológico profissional.
Durante o tratamento de qualquer doença, fatores médicos e farmacológicos são essenciais para um bom prognóstico e, cada vez mais, percebe-se a adicional importância de outros fatores psicossociais relacionados à qualidade de vida do paciente ao lidar com seu processo curativo da doença. Nesse contexto, as relações intersociais apresentam uma relevância muito significativa na maneira como o paciente enfrenta as responsabilidades exigidas pelo tratamento adequado de doenças difíceis e ansiogênicas como o câncer. Um relacionamento estável com amigos e familiares é capaz de oferecer ao paciente uma rede de apoio e de suporte emocional muito benéfica durante todo o curso de tratamento, uma vez que melhora fatores como adesão, motivação e esperança do paciente em relação a todas as etapas do processo curativo de sua doença, contribuindo a um desfecho muito mais favorável à cura do paciente.
Eu sempre acreditei que ter uma rede/base de apoio fosse por parte da família, de amigos ou de algum ente querido fosse algo de extrema importância para superar muitas das adversidades da vida, em especial se tratando de doença e mais particularmente de uma, tão temida, como o câncer. Sendo assim, além de ficar muito feliz com os desfechos destes estudos, pois a minha teoria pode se comprovada pela literatura; acho muito importante que os resultados de estudos nessa linha sejam amplamente difundidos para a sociedade. Digo isso porque algumas pessoas tendem a se reclusar quando recebem um diagnóstico de câncer, mas é de grande valia que os entes ao seu redor tenham noção do papel que podem desempenhar no seu tratamento.
É interessante observar como a famosa frase do poeta John Donne, “nenhum homem é uma ilha”, traduz impactos até mesmo no prognóstico de doenças tão importantes como o câncer. Objetivamente, viu-se que os pacientes casados tinham menos probabilidade de apresentar doença metastática do que os solteiros, e que pacientes casados com doença não metastática eram mais propensos a serem submetidos a tratamento cirúrgico e/ou radioterápico definitivo do que pacientes solteiros. É reconfortante saber que essa preocupação com o outro traz realmente efeitos benéficos na progressão dessa doença. E comprova a ideia já tão enraizada à nossa sociedade: quem ama, cuida.
Apoio social é um conhecido fator de proteção para muitas condições. Além disso, sua falta pode ter um impacto grande em fatores como resiliência e qualidade de vida, fatores que quando ruins poderiam, inclusive, levar a piores desfechos em saúde mental o que, por sua vez, poderia levar a uma pior adesão ao tratamento, ainda mais em uma doença com uma carga emocional grande como o câncer. Essas são apenas algumas suposições de possíveis impactos da solidão em comparação com pessoas que possuem uma boa rede de suporte, como no caso de pessoas em relacionamentos estáveis.
Infelizmente, ser um paciente com câncer ainda é uma experiência solitária na maioria dos casos e, como apontado pelos estudos citados neste editorial, as consequências disso são nefastas no que tange à qualidade de vida e à sobrevida do indivíduo com câncer. Na verdade, a solidão é praticamente universal entre os pacientes oncológicos e até mesmo os indivíduos que tinham maiores vínculos sociais antes do diagnóstico de câncer passam a conviver com ela. Uma explicação para isso é a evitação e a negação da doença por parte dos próprios familiares e amigos do paciente, que consciente ou inconscientemente tentam evitar os sentimentos de medo, angústia, tristeza, dúvida e as situações desafiadoras do ponto de vista emocional e de tomada de decisões que são inerentes a qualquer processo de adoecimento. Além disso, o paciente também - por receio de sentir demasiada fraqueza e vulnerabilidade - tende a se isolar, o que fragiliza os relacionamentos que ele já tinha desenvolvido e dificulta o estabelecimento de novos. Certamente, a quebra deste ciclo de afastamento mútuo entre rede de apoio e paciente depende, entre outros fatores, da colaboração de médicos, enfermeiros e psicólogos. Estes e demais profissionais da saúde devem ser capacitados para acolher de forma eficaz as demandas dos pacientes e de seus familiares, a fim de que estes deixem de fugir do medo e da vulnerabilidade e passem a enfrentar em equipe o desafio que é encarar uma doença oncológica.
Desde que eu comecei o ciclo clínico, e tendo a rotina de conversar com pacientes quase que diariamente, eu acabei percebendo a importância das relações familiares para um melhor prognóstico do paciente. E se tratando do câncer, uma doença tão temida, onde muitos pacientes entendem como uma sentença de morte, essa rede de apoio familiar acaba sendo ainda mais importante.
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