A tomografia helicoidal de baixa dose está reduzindo a mortalidade por câncer de pulmão
Fleck, J.F.: Conexão Anticâncer, 23(2):2015
O câncer de pulmão é o tumor de maior índice de mortalidade no mundo. Dados da International Agency for Research on Cancer (Globocan) apontam para mais de 1,5 milhões de mortes por ano devidas a este tumor.
Um grande esforço internacional vem sendo feito para mudar este cenário.
Em 2011, o New England Journal of Medicine publica os dados do National Lung Screening Trial nos Estados Unidos, mostrando que a tomografia computadorizada helicoidal de baixa dose (LDCT) utilizada anualmente em população de alto risco, reduz em 20% a mortalidade por câncer de pulmão. A LDCT embora perca um pouco na definição da imagem, reduz consideravelmente a dose de radiação a qual o paciente é exposto anualmente.
O US Preventive Service Task Force (USPSTF) é uma organização americana independente com participação voluntária de profissionais experientes em saúde pública que avalia e faz recomendações baseadas em evidência. Em 2014, o USPSTF passa a indicar a realização anual da LDCT para adultos tabagistas assintomáticos entre 55 e 80 anos, com um consumo de cigarro igual ou superior a 30 maços/ano* , que permaneçam fumando ou tenham parado a menos de 15 anos.
Recentemente, em 5 de fevereiro de 2015, o Medicare & Medicaid Services (organização equivalente ao SUS) nos Estados Unidos passa a subsidiar a realização anual de LDCT para a população de risco norte-americana, conforme critérios sugeridos pelo USPSTF. Todavia, é necessário que a população seja alertada para os riscos de falsos-positivos e consequentes procedimentos invasivos desnecessários, pois muitas vezes os pequenos nódulos pulmonares detectados na LDTC são benignos.
Novamente é necessário o exercício da decisão compartilhada, objetivo central deste portal que busca levar a Medicina para a sociedade.
* maços/ano = Número de cigarros fumados por dia divididos por 20 e multiplicado pelo número de anos de uso do cigarro.
Um excelente estudo referente ao câncer de pulmão, este que tem um dos mais altos índices de mortalidade do mundo. O hábito de fumar é o fator de risco mais conhecido, pois aumenta mais a chance de desenvolver câncer de pulmão quando comparados aos não fumantes. Cabe ressaltar, que na fumaça do cigarro existem várias substâncias químicas das quais algumas destas são cancerígenas. E, com isso existem fumantes indiretos, ou seja, aqueles que inalam esta fumaça, quando estão no meio de pessoas fumantes. O importante é que as pessoas se conscientizem e, tenham hábitos mais saudáveis.
Uma vez que o uso do tabaco e seus derivados estão na origem de 90% dos casos de câncer de pulmão, não fumar ainda é o primeiro cuidado para prevenir a doença. Assim, estudos que procuram novas medidas de rastreamento são necessários. Logo, o estudo do NEJM tem um impacto grande, pois apresenta novas possibilidades de prevenção do câncer de pulmão em paciente com alto risco, utilizando como estratégia de rastreamento a tomografia computadorizada helicoidal a partir dos 55 anos, podendo ajudar na detecção de tumores menores e assim aumentar a chance de cura.
A neoplasia de pulmão é a mais prevalente e a de maior mortalidade no mundo. Os altos índices de mortalidade dessa neoplasia estão associados, principalmente, ao fato do diagnóstico ser, em até 80% dos casos, tardio , o que limita consideravelmente a possibilidade curativa. Diante disso, a tomografia computadorizada helicoidal de baixa dose (LDCT) está sendo cada vez mais utilizada no rastreamento do câncer de pulmão, especialmente depois que o estudo publicado em 2011 no NEJM mostrou redução da mortalidade por essa neoplasia quando esse exame é proposto a pacientes de alto risco.
Considerando a relevância do câncer de pulmão, neoplasia com maior índice de mortalidade no mundo, é necessário implementar métodos que reduzam o número de diagnósticos de casos avançados dessa neoplasia. Idealmente, a melhor estratégia ainda é não fumar, já que o tabagismo é o principal fator de risco. Felizmente, as taxas de tabagismo estão diminuindo, mas ainda há uma grande quantidade de fumantes no mundo, o que aumenta muito a importância de se achar um bom método de rastreamento, como a tomografia helicoidal de baixa dose, método que reduz em 20% a mortalidade por câncer de pulmão em populações de alto risco.
O câncer de pulmão é uma neoplasia de grande agressividade e, ainda que muitos avanços tenham sido feitos quanto ao seu tratamento nos últimos anos, sua mortalidade ainda permanece extremamente alta, principalmente em função do diagnóstico tardio, o qual limita as opções terapêuticas. Diante dessa realidade, não é de se admirar o grande esforço para que seja feita a implementação do rastreio anual do câncer de pulmão através da LDCT para os pacientes de alto risco. Aliada a estratégias para diminuir os índices de tabagismo (principal fator de risco para neoplasias pulmonares), o rastreamento é capaz de reduzir os índices de mortalidade; ele esbarra, porém, em sua dificuldade de implantação, principalmente devido aos altos custos envolvidos com a realização da LDCT.
A neoplasia de pulmão é a principal causa de morte no mundo, causando grande impacto na nossa sociedade. Dessa forma, medidas de conscientização e educação sobre os malefícios do tabagismo ( principal causa de neoplasias de pulmão), a longo prazo, parecem ser o melhor caminho para reverter tal situação. Porém, a curto prazo, a realização de rastreamento,como a LDCT, principalmente em pessoas expostas á uma carga tabágica alta, mostra - se eficiente para que o diagnóstico seja feito o mais breve possível e assim iniciar o tratamento em estágios menos avançados. Contudo, investir na prevenção, com medidas para reduzir o tabagismo tem um custo beneficio social e financeiro mais vantajoso.
Estudo de grande pertinência, visto a gravidade e a recorrência deste tipo de câncer na população mundial. O atual desafio, na minha opinião, tendo em vista a notória dificuldade de cessão da prática tabágica, principal causa do câncer aqui tratado, é como disponibilizar a tomografia helicoidal de baixa dose para toda a população tabagista.
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