Redução de 15% na incidência de câncer de próstata em homens circuncidados
Fleck, J.F.: Conexão Anticâncer, 14(1):2015
Cientistas da organização Fred Hutchinson Cancer Research Center, constataram que homens que realizam a circuncisão tem 15% menos probabilidade de desenvolver câncer de próstata quando comparado com aqueles que não fizeram o procedimento. O estudo e seus resultados foram publicados no jornal Cancer.
O estudo foi conduzido com a base de dados do Seattle–Puget Sound Surveillance, Epidemiology, and End Results (SEER) cancer registry, avaliando uma população de 3399 homens divididos nos subgrupos circuncidado e não-circuncidado. A redução do risco nos homens circuncidados foi significativa tanto para a forma indolente como agressiva do câncer de próstata.
Segundo Jonathan Wright, um dos coordenadores do estudo, embora existam limitações metodológicas em um estudo apenas observacional, seus dados sugerem a necessidade de buscar um mecanismo biologicamente plausível para o efeito protetor da circuncisão no desenvolvimento do câncer de próstata.
Pesquisas futuras devem ser encorajadas.
Referência:
Jonathan L. Wright, Daniel W. Lin, and Janet L. Stanford: Circumcision and the Risk of Prostate Cancer, Cancer 118:4437-43, 2012
Meninos, coragem! A decisão está em suas mãos.
Diminuir as probabilidades de câncer de próstata em 15% é um percentual considerável, considerando ser a circuncição uma cirurgia de pequeno porte e rápida recuperação. Que venham novas pesquisas!
Toda e qualquer pesquisa que traga alguma luz e um alerta no sentido da prevenção e práticas que possam diminuir a incidência de câncer deve ser celebrada e incentivada.
É no mínimo interessante que uma prática datada de milhares de anos e muito associada a crenças religiosas e espirituais se mostre com potencial terapêutico ou minimamente benéfico - vale a pena ressaltar que não seria, entretanto, surpreendente, uma vez que dispomos de numerosos exemplos, como o uso de plantas contendo ácido acetilsalicílico datando de milênios, no antigo Egito. Faz-nos perceber que, talvez, muitos mais hábitos seculares tenham raízes fisiológicas e se modelem de acordo com as demandas geracionais. A própria circuncisão, antes do panorama apresentado no editorial, já vinha mostrando benefício na incidência de infecções do trato urinário masculino, e traz na sociedade moderna uma "utilidade" antes desconsiderada, qual seja a potencial melhora de desempenho e autoestima masculina numa sociedade em que esta cada vez mais se torna frágil. A realidade nos permite estender o racional para a possibilidade de muitas resoluções para problemas - dentre eles se ressaltem os médicos - estarem enraizadas em hábitos abandonados pela humanidade ao longo do tempo.
Uma redução de 15% na incidência de câncer de próstata com uma solução simples como realizar circuncisão é um resultado muito promissor, pois uma solução de baixo custo e risco para o paciente poderia diminuir a incidência de uma doença tão importante. Porém estudos recentes como o Male Circumcision and Prostate Cancer: A Geographical Analysis, Meta-Analysis, and Cost Analysis publicado em 2020 mostram associação fraca entre a intervenção e o desfecho e o peso econômico de realizar circuncisão visando apenas este desfecho.
O estudo conduzido é bastante interessante, pois traz uma nova perspectiva sobre a relação entre a circuncisão e o câncer de próstata. É importante ressaltar, no entanto, que se trata de um estudo observacional e que ainda há muitas questões a serem esclarecidas. Os resultados obtidos são promissores, pois indicam que a circuncisão pode ter um efeito protetor significativo no desenvolvimento do câncer de próstata. No entanto, ainda não se sabe ao certo qual é o mecanismo biológico responsável por essa relação e é preciso realizar mais pesquisas para entender melhor essa conexão.
Faça o login para escrever seu comentário.
Se ainda não possui cadastro no Portal Conexão Anticâncer, registre-se agora.