Ilustrando as limitações metodológicas e as contradições
Rebelatto, T & Fleck, JF: Conexão Anticâncer 29 (01), 2018
Os métodos contraceptivos hormonais contemporâneos incluem estrógeno e/ou progestágenos em diversas formas de administração. No passado, estudos caso-controle estabeleceram uma relação de associação positiva entre anticoncepção oral e risco de cancer de mama. Todavia, mais recentemente houve na anticoncepção oral redução na dose de estrógeno e introdução de novos progestágenos, tornando novamente indefinida sua relação com cancer de mama. Adicionalmente, novos métodos foram introduzidos como o dispositivo intrauterino com liberação hormonal (DIU-H), adesivos contraceptivos, anéis vaginais, bem como outras formas implantáveis e injetáveis, compondo 1/3 dos métodos hormonais de anticoncepção. No mundo, 140 milhões de mulheres utilizam alguma forma de anticoncepção hormonal (AH), criando um cenário epidemiológico inquietante na avaliação de risco.
Em dezembro de 2017, o New England Journal of Medicine publica um estudo dinamarquês prospectivo, avaliando a associação entre o uso de AH e o risco de cancer invasivo de mama. Subvencionado pela Novo Nordic Foundation o estudo acompanhou aproximadamente 1,8 milhões de mulheres usuárias de diversas formas de AH no período compreendido entre 1995 e 2012. Esta população inclui todas as mulheres dinamarquesas em uso de AH na faixa etária dos 15 aos 49 anos. Foram excluídas mulheres previamente tratadas para infertilidade ou com história pregressa de tromboembolismo venoso ou neoplasia maligna, exceto cancer de pele não-melanoma. Os dados de AH foram obtidos no National Register of Medicinal Product Statistics e categorizados conforme o tempo decorrido de descontinuação: uso corrente ou recente, quando descontinuado no período 6 meses, imediatamente anterior ou uso prévio, quando descontinuado há mais de seis meses. No grupo de AH classificado como uso corrente ou recente o risco relativo de desenvolver cancer invasivo de mama foi de 1,2 quando comparado com mulheres que nunca fizeram uso de AH. O risco de câncer de mama invasivo aumentou com a duração da AH, sendo de 1.09 para mulheres que usaram por período inferior a 1 ano e de 1.38 para mulheres com uso acima de 10 anos ( p= 0.002). Um risco relativo de 1.21 foi também observado em mulheres que utilizaram DIU-H. Mesmo após descontinuar o uso da AH, o risco de cancer invasivo de mama permanece aumentado em mulheres que usaram AH por mais de cinco anos. Embora alarmante, estes resultados devem ser interpretados sob a ótica de suas limitações metodológicas e cotejados com a publicação do Royal College of General Practitioners’ Oral Contraception Study que aponta para uma redução do risco acumulativo de outros tipos de cancer (cólon, endométrio e ovário) em mulheres usuárias de anticoncepção oral.
Referências:
Mørch, LS; Skovlund, CW; Hannaford, PC; et al: Contemporary Hormonal Contraception and the Risk of Breast Cancer, N Engl J Med 377: 2228-36, 2017
Iverson L, Sivasubramaniam S, Lee AJ, et al: Lifetime cancer risk and combined oral contraceptives: the Royal College of General Practitioners' Oral Contraception Study, Am J Obstet Gynecol 16(6): 580, 2017
O uso de anticoncepção hormonal traz às mulheres o medo de consequências negativas à sua saúde. De fato, muitos já foram os riscos preditos para o uso dessa medicação, incluindo agora também o câncer de mama. Apesar de serem poucos os estudos ainda sobre esse assunto, o incentivo ao uso de medidas de anticoncepção em que se pode evitar a introjeção de hormônios é de grande valia para a prevenção de possíveis doenças ao longo do tempo.
Tanto como mulher jovem usuária de anticoncepção hormonal quanto como estudante de medicina, considero de extrema importância o esclarecimento da população acerca das consequências que ela traz. Além de riscos como trombose e acidentes vasculares, a possibilidade de que esses medicamentos estejam envolvidos no câncer de mama influencia bastante na escolha do tratamento, principalmente pelo estigma que a doença traz. Na medida em que composições farmacológicas são constantemente alteradas em termos de concentração de estrógeno e progestágenos, torna-se imprescindível a realização de estudos que avaliem sua relação com canceres e incentivem a indústria farmacêutica a produzir sua forma menos agressiva.
É inquietante que não se tenham maiores evidências sobre os efeitos do anticoncepcional hormonal no corpo feminino, já que, como mulher, utilizo este método, e a grande maioria das meninas que conheço também utilizam. Seria importante que a indústria farmacêutica se preocupasse mais com todos os aspectos da anticoncepção hormonal, tanto na prevenção, quanto na propensão a doenças que os AH proporcionam. Enfim, é muito importante que este assunto seja discutido, já que cada vez mais cresce o número de grupos nas redes sociais que se mostram contra este método contraceptivo, esses que influenciam várias outras garotas a adotarem a mesma postura sem o devido acompanhamento e individualização de cada caso por um(a) médico(a) ginecologista, e sem que se tenha embasamento científico suficiente para isso.
Apesar de um n muito expressivo, o estudo permanece com nível de evidência baixo. Notem que apesar do aumento do risco relativo para cancer invasivo de mama (RR=1.2) observado no estudo dinamarquês, o Royal College of General Practitioners’ Oral Contraception Study aponta para uma redução do risco acumulativo de outros tipos de cancer (cólon, endométrio e ovário) A decisão sobre o uso e tipo de AH deve idealmente ser uma decisão compartilhada entre a paciente e seu médico.
É fundamental que sejam feitos estudos com alta evidência para que o médico e a paciente escolham qual o melhor método de contracepção. Além disso, acredito que a população em geral deve receber melhores esclarecimentos sobre relação entre anticoncepcionais hormonais e risco para câncer de mama, uma vez que há muitos boatos sem qualquer embasamento.
Embora seja um fato que não temos evidências concretas sobre os riscos da anticoncepção hormonal, é necessário muita cautela antes de "demonizar" o uso de tal método. Para se ter uma avaliação real dos riscos, precisa-se de estudos que considerem a história familiar da paciente, por exemplo, tendo em vista que isso por si só já aumenta o risco de câncer. Outros fatores de risco também devem ser considerados no momento de desenhar esses estudos, como tabagismo e obesidade, visto que na "vida real" dificilmente temos um paciente com um único fator de risco.
As evidências, ainda que pouco expressivas, apontam para uma relação entre uso de ACO e câncer de mama comparado a mulheres que nunca usaram ACO. É fato que o ACO trouxe às mulheres um poder de autocuidado, de maior inserção no mercado de trabalho e de maior independêcia sexual. Porém com ele vêm alguns efeitos adversos, como a TVP e, agora, o câncer de mama. É preciso, portanto, que melhores evidências em relação ao assunto analisado sejam apresentadas, uma vez que o ACO tem grande importância na vida de mulheres que fazem uso dele. Uma vez que sinta-se receio pela utilização do ACO, é necessário que a mulher busque conhecimento com um médico bem informado em relação ao assunto.
Infelizmente, estamos vivendo um período maniqueísta quanto ao uso de anticoncepcional hormonal. Isso é resultado de desinformação, tanto quanto a pesquisa, quanto a informações difundidas na sociedade. O indispensável é não esquecer que ele é uma droga, e que seu uso deve ser discutido com o paciente, afim de nivelar o conhecimento de seus benefícios e malefícios(dentre eles a associação com câncer de mama), e assim a decisão deve ser compartilhada.
Há muita especulação acerca do uso de AH e suas consequências para a saúde da mulher. Devem ser realizados mais estudos que mostrem resultados mais consistentes, dado que há grande número de mulheres que fazem uso de AH. Apesar do estudo ter mostrado um aumento na chance de desenvolver câncer de mama, não ficou bem determinado, devido às limitações do estudo, se isso realmente ocorre. Além disso, o uso de AH reduz o risco cumulativo de outros cânceres (cólon, endométrio e ovário). Cabe ao(a) médico(a) apresentar as opções de anticoncepção e saber seus possíveis prejuízos baseando-se em evidências, e junto a paciente, decidir o que é melhor em seu caso.
No estudo apresentado, o risco relativo para câncer de mama mostrou-se maior para mulheres que utilizaram anticoncepção hormonal (AH); entretanto, o aumento de risco absoluto foi pequeno. A AH indicou uma redução de risco absoluto de outros tipos de cânceres - colorretal (3º mais prevalente na população), endométrio e ovário. Portanto, são necessários estudos com melhor nível de evidência antes de concluirmos sobre um assunto que pouco se sabe. Deve-se também considerar o que a possibilidade de uma gravidez indesejada acarretaria para a vida de uma mulher com a contraindicação ao uso de AH (sem embasamento suficiente), visto que é o único método utilizado por muitas mulheres nos tempos atuais.
Anticoncepcionais têm um papel de extrema importância no dia a dia das mulheres, sendo usados não só para a função de destino, mas também com outras indicações, como prevenção de sintomas relacionados ao período menstrual. O problema está na falta de dados que comprovem o real risco-benefício do uso destes métodos para a vida das mulheres. O artigo trazido pelo texto comprova aumento no risco de câncer de mama em usuárias de contraceptivos hormonais, mas há inferências de que seja um fator protetor para outros tumores. Acredito que, enquanto não houver mais certezas sobre este assunto, a decisão compartilhada seja a conduta indicada - fato que não ocorre, pois muitas mulheres em uso de contraceptivos hormonais desconhecem esses riscos.
Utilizado amplamente entre as mulheres em idade fértil, o anticoncepcional hormonal se tornou uma das principais formas de prevenção atuais. Além disso, muitas mulheres não relacionam a pilula a um medicamento. Por isso, estudos como os descritos no texto, sobre os efeitos adversos e possíveis relações dos ACO com canceres são imprescíndiveis, uma vez que diz respeito a segurança de muitas mulheres e ainda é um assunto muito controverso.
O uso da anticoncepção hormonal tornou-se amplo entre as mulheres, sendo uma das mais importantes formas de prevenção na atualidade. Dessa forma, o esclarecimento da população em relação às consequências trazidas pela medicação é muito importante. Além de aumentar o risco para trombose e acidentes vasculares, o estudo apresentado pelo texto comprova risco aumentando também de câncer de mama, representando importantes efeitos adversos. Embora os resultados tenham que ser interpretados de forma cuidadosa devido a certas limitações metodológicas do estudo, os resultados são importantes e merecem discussão. Cabe ao profissional avaliar em conjunto com as pacientes o melhor anticoncepcional, esclarecendo sobre benefícios e possíveis efeito adversos da medicação.
O uso massivo de anticoncepção hormonal torna extremamente relevante a discussão científica dos seus riscos e benefícios, principalmente no momento atual, com a facilidade da disseminação global das fake-news e pseudociência. Dessa forma, é imprescindível que mais estudos de qualidade sejam feitos para auxiliar os médicos e pacientes a decidir a melhor conduta. Apesar da necessidade de avaliação do efeito protetor em outros tipos de câncer - como cólon, endométrio e ovário - os números referentes ao câncer de mama (ex. risco 38% maior de desenvolvimento de câncer de mama invasivo quando uso por mais de 10 anos) são extremamente preocupantes visto o grande número de pacientes que o utilizam como método principal de anticoncepção durante todo o seu período reprodutivo.
A antiga relação dos ACOs com Ca de mama foi posto à prova pela redução de estrógenos e adição de progestógenos. Um estudo dinamarquês de 2017, com aproximadamente 1,8 M de mulheres em 17a, avaliou a relação da anticoncepção hormonal (AH) com o risco de CA invasivo de mama. O risco relativo para tal Ca foi de 1,2 no grupo com AH em comparação ao grupo controle. Além disso, o risco - no grupo AH - aumentou proporcionalmente à duração da AH.
A decisão compartilhada sobre a utilização de anticoncepcionais é fundamental na relação médico-paciente, uma vez que os métodos hormonais oferecem variados riscos. O risco de câncer de mama em vigência de AH também nos faz repensar a necessidade de observarmos estudos a longo prazo para avaliar a segurança, visto que os medicamentos AC apresentam diferentes formulações e vias de utilização que muitas vezes são dadas como revolucionárias pela indústria farmacêutica, mas que ainda necessitam de tempo de utilização para apresentarem associações não observadas em ECRs. *correção do nome no comentário acima.
Embora a conclusão apresentada de que anticoncepção hormonal esteja associada a aumento do risco de câncer de mama, o estudo apresenta várias limitações. Não foi possível ajustar os dados para consumo de álcool e prática de atividades físicas, por exemplo. Além disso, algumas informações como índice de massa corporal e uso de tabaco só estavam disponíveis a respeito de uma parcela da população estudada. Ainda assim, representa informação relevante e corrobora o fato de que anticoncepção hormonal deve ser uma decisão compartilhada que deve considerar aspectos pessoais e familiares de cada mulher.
A possível associação entre anticoncepção hormonal e câncer invasivo de mama possui alto valor em termos de vigilância epidemiológica, uma vez que o emprego desse método contraceptivo tem se tornado cada vez mais difundido, apesar das fragilidades do estudo apresentado uma coisa é importante: a decisão compartilhada é a principal ferramenta na construção de uma prática médica e de empoderamento do paciente sendo sempre necessário estabelecer a relação risco/benefício para todos os pacientes. Torna-se cada vez mais necessários mais estudos sobre o tema para a consolidação de uma evidencia que norteie a decisão médica.
Uma vez que o uso de anticoncepcionais hormonais é bastante difundido entre as mulheres atualmente, é de suma importância que sejam realizados mais estudos acerca de seus riscos e benefícios. Como citado no resumo, há um aumento no risco de câncer de mama – embora a diferença absoluta seja pequena - em mulheres que fazem uso desse tipo de anticoncepção, porém o Royal College of General Practitioners’ Oral Contraception Study mostra que há diminuição do risco para outros tipos de câncer, permanecendo então o questionamento sobre o balanço entre risco e proteção que a anticoncepção hormonal oferece. A partir disso, acredito que como o uso da pílula se mostra eficaz em vários aspectos – como prevenção de gravidez e sintomas relacionados ao ciclo hormonal feminino – é interessante que as pacientes e seus médicos possam, depois de avaliar os riscos e benefícios de cada posologia ou outro tipo de contracepção, escolher a opção que mais se adeque à situação.
Um número grande de mulheres faz uso de anticoncepção hormonal ao redor do mundo. Visto a prevalência elevada de câncer de mama, um risco relativo de 1,2 que poderia não significar muita coisa em um câncer menos prevalente, torna-se alarmante. A importância desses dados está em trazer à paciente as melhores evidências sobre o assunto e poder tomar uma decisão compartilhada, medindo os riscos e benefícios do método. A anticoncepção hormonal é a mais eficiente e pode estar relacionada com diminuição do risco de câncer de endométrio, ovário e colón, não devendo ser imediatamente contraindicada.
O estudo mostra pelo risco relativo que mulheres expostas à AH tem 1,2 chances de desenvolver câncer de mama a mais do que as que não fazem uso de tal método contraceptivo. Em se tratando do câncer mais prevalente em mulheres, o profissional da saúde não pode ignorar esse fato. Diante disso, é de extrema importância avaliar a história médica pregressa e história familiar dessa paciente pois, mesmo que a anticoncepção hormonal seja amplamente prescrita, deve ser feita com cautela avaliando os prós e contras para seu uso em cada paciente.
Muito em pauta atualmente, a correlação entre o uso de anticoncepcional e câncer mama, é de suma importância a pesquisa nessa área. No grupo de hormonioterapia de uso corrente ou recente o risco relativo de desenvolver cancer invasivo de mama foi de 1,2 quando comparado com mulheres que nunca fizeram uso de AH. O risco de câncer de mama invasivo aumentou com a duração da terapia hormonal, sendo de 1.09 para mulheres que usaram por período inferior a 1 ano e de 1.38 para mulheres com uso acima de 10 anos. Um risco relativo de 1.21 foi também observado em mulheres que utilizaram DIU-H. Mesmo após descontinuar o uso do anticoncepcional, o risco de cancer invasivo de mama permanece aumentado em mulheres que o usaram por mais de cinco anos. Pode-se chegar à conclusão de que a prescrição de anticoncepcional deve ser feita com muitas ressalvas e com extrema atenção à paciente.
A invenção do ACO foi uma das grandes invenções da humanidade, uma vez que proporcionou a mulher uma liberdade nunca antes experimentada. As mulheres passaram a poder optar por não menstruar, menstruar quando quiser, não ter filhos e por ter filhos no momento em que escolhessem. A gama de medicamentos ACO desenvolvidos está longe de ser considerado ideal, em função dos efeitos adversos e pela pouca praticidade a ele intrínsecos, mas é inegável seu benefício para a independência feminina ao longo da história. Em função das razões supracitadas, a população, em especial as mulheres, ficam extremamente assustadas em frente a notícias de associação de ACO com câncer ginecológicos. Há um grande número de estudos que busca elucidar esses questionamentos, mas as evidências ainda não são nem definitivas nem totalmente claras. Ainda que haja estudos associando ACO a câncer de mama, os vieses metodológicos nos impedem de mudar a conduta clínica internacional quanto a opção mais usada de anticoncepção no mundo. Ainda que existam métodos alternativos, o uso da pílula está enraizado na cultura tanto médica quanto leiga.
Apesar desse estudo em particular ter sido classificado como de um nível baixo de evidência, ele não é o primeiro a encontrar associação de anticoncepcionais hormonais com câncer de mama. Me recordo de um estudo finlandês publicado em 2016 que encontrou associação significativa entre o uso de sistema intrauterino liberador de levonorgestrel e aumento do risco em cerca de 1,3 vezes de câncer de mama (tanto lobular quanto ductal!). O que mais me assusta, contudo, é a falta de diálogo sobre esse risco em consultórios ginecológicos. Afinal, sendo a decisão final da paciente, não deveria ela estar informada sobre essa possibilidade?
Boa parte da população mundial de mulheres utiliza anticoncepcionais hormonais (AH) . Entretanto, poucas delas são informadas a respeito de seus possíveis malefícios a longo prazo, como o possível desenvolvimento de câncer de mama a longo prazo que este estudo nos trouxe. Outros resultados trazidos pelo presente estudo também apontaram para uma redução do risco acumulativo de desenvolvimento de outros tipos de câncer, como de cólon, de endométrio e de ovário. Sendo esse estudo de baixa evidência, é extremamente necessário que haja um maior investimento em pesquisas nessa área, que visem confirmar essas possíveis associações.
Tendo em vista o grande número de mulheres que utiliza anticoncepcionais hormonais, é de suma importância que estudos sejam feitos para avaliar os riscos e benefícios deste tipo de método. Além disso, é preciso que os ginecologistas informem suas pacientes sobre os possíveis problemas que possam surgir com o uso de pílula e DIU com liberação hormonal, uma vez que a decisão deva ser compartilhada entre paciente e médico. Esse estudo se mostra bastante relevante, embora tenha limitações metodológicas, sobre o risco aumentado de câncer de mama com o uso de anticoncepção hormonal e deve ser levado em conta na escolha do método. No entanto, o fato de ser protetor para diversos tipos de câncer como cólon, endométrio e ovário também precisa ser valorizado.
Os anticoncepcionais orais são os os principais métodos contraceptivos usados atualmente pelas mulheres, que cada vez iniciam seu uso mais cedo. Em função da elevada concentração de hormônios sexuais presente em suas formulações, é possível perceber uma gama de alterações que eles podem proporcionar no organismo da mulher. Entre os efeitos adversos mais conhecidos, fala-se muito do aumento do risco de eventos tromboembólicos, e já se tem consideráveis estudos e pesquisas em andamento para compreender melhor essa questão. Quanto ao aumento do risco de se desenvolver câncer de mama, esse é com certeza um desfecho que pode impactar de forma importante a vida da mulher, sendo necessário que se conheça mais sobre esse assunto, visando ampliar as informações tanto no meio científico, quanto ao que é passado para as usuárias de ACO. Além disso,também necessitamos de mais evidencias científicas que apontem as vantagens que podem ser promovidas pelo uso de ACO, de forma a facilitar a decisão compartilhada e clara entre médicos e as pacientes que tem dúvidas na escolha de um entre as várias opções de contraceptivos disponíveis atualmente.
Os anticoncepcionais orais já foram incorporados à cultura de saúde da mulher, isso é uma verdade inquestionável. Seja para anticoncepção, distúrbios hormonais, dermatológicos, cólicas, enfim. Como mulher e conhecedora deste fato, me sinto profundamente ofendida que estes estudos só estejam sendo publicados agora. Urge a necessidade de mais estudos a cerca do tema, sejam retrospectivos, prospectivos. Precisamos saber a que estamos nos submetendo e o preço que estamos pagando por isso. É inadmissível uma paciente estar usando AH somente para controlar a oleosidade da pele, por exemplo, e aumentar 1,2x (risco relativo) de desenvolver CA de mama invasivo, como é o que o estudo do NEJM sugere. É urgente a necessidade de mais estudos.
Vale tomar nota de que embora o levantamento não firme uma relação de causa e efeito, é possível que a dose extra de hormônios no organismo instigue o desenvolvimento do câncer, no entanto o risco absoluto é pequeno já que para cada 7 690 mulheres que usam o contraceptivo, 1 terá surgimento de câncer de mama.
O uso de AH é extremamente comum entre as mulheres atualmente. Não apenas seus possíveis efeitos deletério à saúde a longo prazo, mas também os efeitos a curto prazo são poucas vezes discutidos com a paciente no momento da decisão de qual método contraceptivo usar. Não há dúvidas que o médico muitas vezes não se sente tão preparado para fornecer tais orientações uma vez que somos diariamente bombardeados por uma série de estudos que ora se posicionam a favor e ora contra o uso da anticoncepção hormonal. Nesse sentido, o desenho e execução de estudos mais sérios, que de fato se preocupem com o conhecimento a respeito do assunto e não tenham tanta intervenção da indústria, são necessários.
Estudos que lidam com questões sociais importantes, como AH feminina, são imprescindíveis – acredito que sejam uma das formas mais belas de como a ciência pode ajudar a libertar populações historicamente oprimidas. Associar o uso de AH e câncer de mama é perigosíssimo caso essa informação seja dada fora do contexto do estudo, ou seja, esclarecendo vieses, limitações. É preciso manter um diálogo honesto com a paciente, afinal, nenhuma medicação está livre de efeitos adversos. Caso os achados forem relevantes, pelo menos saberemos qual população é a de maior risco e, portanto, poderemos acompanhar mais de perto esse público.
O uso de anticoncepcionais hormonais orais (ACO) traz muitas preocupações devido às inúmeras fórmulas existentes no mercado, e os possíveis risco de seu uso, visto que se tratam de medicações cujo uso é diário e prolongado por muitos anos. No estudo citado, publicado no NEJM em 2017, foi avaliada uma coorte de aproximadamente 1,8 milhões de mulheres, e o resultado foi um risco relativo de 1,20 entre aquelas que são ou já foram usuárias de ACO. No entanto, em números absolutos a associação provou-se fraca, sendo o NNH de 7690 mulheres, e sabe-se que estes fármacos também apresentam efeito protetor contra outras manifestações de câncer. Assim, deve-se continuar a explorar esta área, de maneira a tornar o uso de ACO mais seguro e, principalmente, mais consciente acerca de possíveis consequências a longo prazo.
Muitas mulheres aderem a métodos contraceptivos hormonais já na adolescência. Essa escolha deve ser muito bem orientada pelos ginecologistas, que devem apresentar os riscos envolvidos com o uso de AH. Nesse sentido, o estudo acima sugere que o uso de AH aumenta o risco de CA de mama; por outro lado, AH também estariam relacionados à redução do risco cumulativo de CAs de cólon, endométrio e ovário. De fato, o advento dos AH trouxe muitos benefícios para as mulheres, especialmente o maior controle sobre o momento de engravidar, sobre o ciclo menstrual e também a possibilidade de tratar doenças ginecológicas. Sendo assim, são necessários mais estudos e evidências mais fortes que sustentem a contraindicação de um método contraceptivo tão revolucionário. Até lá, cada caso deve ser analisado de acordo com a história de cada paciente, a fim de se encontrar um equilíbrio entre o que a mulher busca e a preservação da sua saúde.
A relação entre anticoncepcionais hormonais e câncer é muito questionada por pacientes atualmente. A mídia por vezes retrata o AH como vilão, no entanto, é importante incentivar as pacientes a considerarem os riscos e os benefícios do uso de AH, além de avaliar as evidências do uso de AH também como fator de proteção para outros tipos de câncer como endométrio e ovário. Naturalmente, os médicos devem conversar com suas pacientes sobre outras formas de contracepção, mas nem sempre é necessário evitar o uso do AH, podendo para algumas mulheres, ser a melhor opção.
A anticoncepção hormonal é a opção de escolha da maioria das mulheres, visto ser, na maioria dos casos, um método bem conhecido, barato, eficiente e de fácil acesso. Entretanto, há estudos que mostram a íntima relação de uso de AH com o câncer de mama infiltrativo, o que é preocupante. Isso porque, é inegável o fato de que, cada vez mais, o uso AH está sendo incorporado antecipadamente na vida das adolescentes, já que a pratica sexual está ocorrendo mais precocemente quando comparado a gerações passadas. Nesse cenário, vê-se a importância do médico de orientar as pacientes quanto aos riscos desse método tão convencional, pois muitas mulheres podem desconhecê-los e ainda a exposição ao AH vai ser maior, visto início precoce. Além disso, o papel do médico também é indicar outras possibilidade seguras de anticoncepção, as quais se adequem a cada paciente e que não tenha a utilização hormonal. No entanto, substituir a anticoncepção hormonal não pode ser uma regra, pois, na medicina, tudo tem de ser ponderado, principalmente, o risco e beneficio de cada conduta para cada paciente.
As vantagens do anticoncepcional hormonal, para as mulheres modernas, muitas vezes encobrem seus riscos: alterações hormonais mensais que não são naturais e uma relação ainda não esclarecida entre essas pílulas e diversos tipos de doenças podem ser ignoradas tanto pelas pacientes quanto pelos profissionais da saúde na hora de escolher um método contraceptivo adequado. É essencial que estudos como o citado no artigo sejam feitos nas mais diferentes populações, para que haja cada vez mais dados precisos sobre o assunto, possibilitando que médico e paciente coloquem na balança os reais malefícios e benefícios da terapia, observando fatores genéticos, ambientais e pessoais.
Há anos que a literatura médica e a literatura leiga trazem esta informação: o uso de anticoncepcionais hormonais orais e risco aumentado para câncer de mama. Estas constatações se baseavam em estudos de caso-controle. Com o passar dos anos, as formulações dos anticoncepcionais foi sendo modificada, e as doses de hormônio sintético necessárias para suprimir o eixo hipotálamo-hipófise-gônadas, progressivamente reduzidas. Isso de certa forma “acalmou os ânimos”, embora a afirmativa de risco aumentado tendo permanecido como um fator negativo a ser mencionado no momento do aconselhamento da anticoncepção. Este estudo lançado recentemente tende a trazer a questão à tona, mas, novamente, é preciso que a população médica se informe e possa conter os ânimos da literatura leiga caso ela venha a dar vieses a uma informação que ainda requer maiores evidências.
Os anticoncepcionais orais foram um passo extremamente importante para a liberdade da mulher, e também foram a causa de uma revolução no mercado de trabalho e na vida doméstica e em família. Atualmente, cerca de 16 milhões de mulheres na América Central e do Sul utilizam ACOs, então é de extrema importância que mais estudos como esse sejam realizados, disponibilizando dados mais precisos e sobre mais consequências que o anticoncepcional oral tem sobre o organismo. Além disso, é necessário que essa informação circule mais pela mídia e que seja mais trabalhado com as usuárias, pois muitas fazem seu uso indiscriminado sem orientação médica, ou com uma orientação médica ultrapassada. Já se sabe dos riscos aumentados para TVP e cancer de mama, mas também é preciso fazer mais estudos precisos sobre doses e composições dos ACOs, porque dependendo da composição, é possível que esses riscos aumentem.
Mesmo com suas ressalvas, este é um estudo que não pode ser ignorado. Creio que sua função é demonstrar como os anticoncepcionais hormonais precisam ser uma decisão compartilhada com as pacientes, levando em conta fatores de risco individuais para cada tipo de câncer. Isso não significa extinguir o uso de anticoncepção hormonal, uma vez que ela pode trazer diversos benefícios para a qualidade de vida da mulher. Porém, as pacientes deveriam ser sempre educadas, inclusive na rede assistencial pública, sobre os potenciais riscos desses métodos e sobre outras opções não hormonais (como o DIU de cobre).
Deve-se atentar que o estudo tem suas limitações e, quando disseminado fora de contexto e/ou de modo sensacionalista, pode corroborar com diversas correntes que pipocam atualmente nas redes sociais de grupos conspiracionistas contrários a utilização de métodos de anticoncepção hormonal. Como já bem evidenciado pelo College of General Practitioners’ Oral Contraception Study, o uso de AH diminui a incidência dos cânceres de cólon, endométrio e ovário. O que deve ser de fundamental entendimento é que a decisão pela utilização de quaisquer métodos anticoncepcionais (hormonais ou não), deve ser compartilhada entre médico e paciente com a devida avaliação entre seus benefícios e seus efeitos adversos conhecidos a curto e a longo prazos.
O uso de anticoncepcionais hormonais é amplamente difundido entre as mulheres e seus riscos e benefícios devem ser discutidos com as pacientes para que haja tomada de decisão compartilhada sobre qual seria o melhor método para a paciente. Além disso, é importante que sejam discutidas informações coerentes para que não haja difusão de dados que possam alarmar de forma desnecessária a paciente. São necessários mais estudos sobre o assunto para que se entenda melhor as reais consequências sobre o uso de AH na saúde da mulher.
O uso de anticoncepcionais orais como principal método contraceptivo é uma pratica extremamente comum nos dias de hoje. Por isso, é impressindível que se invista em estudos de qualidade e de grande porte a respeito do efeito do uso de hormônios no aumento ou na redução da incidência de alguns tipos de câncer para que se possa enterder a extensão dessa relação e se isso contraindica ou não o uso. Além de estudos centrados nos assuntos previamente citados, devem ocorrer estudos avaliando outros efeitos adversos do uso a longo prazo, como trombose.
Há um grande debate sobre os benefícios e malefícios da anticoncepção hormonal. Entre os benefícios, está, principalmente, o planejamento gestacional, impedindo que ocorra uma gestação em um momento indesejado. Mas a que custo? Estudos mostram que o uso de hormônios exógenos para o controle do ciclo menstrual pode causar diversos malefícios à mulher, como por exemplo trombose venosa, aumento do risco de acidente vascular cerebral, ganho de peso (dependendo da dose hormonal) e, ao que parece, aumento no risco câncer de mama. Acredito ser imprescindível informar às mulheres sobre estas possíveis consequências, pois muitas não tem acesso a essa informação. O médico sempre deve conversar com a paciente, dando a opção de utilizar outros métodos de anticoncepção que não causem problemas a sua saúde para que a paciente possa pesar riscos e benefícios e escolher o melhor método para si.
Diante do uso disseminado de anticoncepcionais hormonais, o estudo recente, que analisou dados de um número muito grande de pacientes e encontrou relação positiva entre o uso de tais drogas e o risco de câncer de mama, merece ser discutido nos meios médicos com sua devida atenção. É imprescindível que os profissionais de saúde tenham uma conversa cuidadosa com seus pacientes, explicando de forma clara os benefícios, os efeitos adversos e as possíveis complicações advindas desse método de anticoncepção.
Estudos têm apontado que a maioria das mulheres que escolhem utilizar contraceptivos orais não se expõe a danos causados por cânceres à longo prazo; em vez disso, em relação a alguns tipos de cânceres (por exemplo colorretal, ovariano, endometrial) muitas mulheres se beneficiariam de importantes reduções de risco; outros achados apontam que essa proteção poderia persistir por muitos anos após a interrupção. Deve-se ter em mente que, de acordo com o Global Cancer Observatory, o câncer de mama é o com a maior incidência no Brasil, e é o segundo nos EUA. Portanto, não se deve ignorar o fato de o anticoncepcional oral ter papel no câncer de mama. Dessa forma, apesar do efeito protetor contra alguns cânceres, é fundamental que o terapeuta sempre contraponha os efeitos protetores com os efeitos negativos, de modo a compartilhar a decisão terapêutica com a paciente, visando encontrar o método contraceptivo que melhor se adeque as suas necessidades.
O uso de anticoncepcionais orais tornou-se disseminado nas últimas décadas, estando associado ao controle da mulher sobre o próprio corpo e à presença feminina no mercado de trabalho. A popularização desse fármaco faz com que seu uso seja, muitas vezes, feito de forma indiscriminada, ou seja, a prescrição não é adequada para a paciente. Além disso, o fato de sua venda ser livre, algo excelente quando facilita o acesso da mulher a uma forma anticonceptiva, acaba permitindo que uma pequena parcela de indivíduos utilize essa droga de forma inapropriada. A polêmica associação entre os ACO e o aumento do risco de câncer não é recente, nem definitiva. Enquanto alguns estudos apontam a relação entre o uso desses fármacos e o câncer de mama, outros estudos indicam proteção para determinadas neoplasias (colorretal, ovariana, endometrial). Pelos dados obtidos até o momento, o uso de ACO está longe de ser desaconselhado. O conhecimento de fatores de risco adicionais na história clínica e o esclarecimento da paciente para a tomada de decisão compartilhada ainda são, certamente, os pontos mais importantes no contexto atual.
Apesar de serem provenientes de um grande estudo prospectivo, com um N monstruoso (1,8 milhões de mulheres), suas conclusões e seus resultados devem, acima de tudo, ser apresentados e debatidos com a paciente. Por quê? Porque a associação demostrada para câncer invasivo de mama (risco 20% maior em pacientes em uso de AH) é questionada em outros estudos; porque AH reduz o risco de incidência de cânceres de cólon, ovário e endométrio; porque existem outros métodos contraceptivos, que não os hormonais. Assim, voltamos à (não tão) velha máxima da relação médico-paciente: a tomada de decisão deve ser compartilhada.
Vejo que o fato da proteção do anticoncepção hormonal em relação a câncer de colo, endométrio e ovário, de certa forma, compensar o risco aumentado de câncer invasivo de mama é uma visão bastante utilitarista da situação. O uso de AH deve ser discutido e individualizado no perfil de risco de cada paciente e qualquer evidência que enriqueça essa discussão sempre é bem-vinda. Por outro lado, devido ao uso em larga escala pela população, torna-se uma questão de saúde pública. Talvez seja importante considerar as opções de AH com menor aumento de risco dentro do artigo ou ainda em novos estudos. Ademais, já ocorreram mudanças nas formulações no passado que trouxeram menos riscos, quem sabe não teremos novas opções de anticoncepção hormonal no futuro.
Nos últimos anos, os riscos do uso dos anticoncepcionais hormonais têm sido amplamente discutidos na mídia - relatos que associam essas drogas a episódios tromboembólicos e desenvolvimento de câncer de mama são os exemplos mais comuns. Como estudantes de Medicina, devemos ter nossas condutas pautadas em referenciais teóricos sólidos, que garantam uma abordagem adequada dessas questões junto às pacientes. Nesse contexto, o estudo prospectivo do New England Journal of Medicine adquire importância na medida em que reitera o aumento do risco de desenvolvimento de câncer de mama com o uso prolongado de anticoncepcionais hormonais. Percebo que, cada vez mais, é preciso que as mulheres estejam bem informadas dos riscos e benefícios de cada método contraceptivo, para que possam tomar uma decisão acertada. E, aos médicos, cabe compreender as necessidades e preferências de cada paciente, sempre considerando suas comorbidades e história familiar.
Apesar da constante produção de pesquisa hoje, o uso de contraceptivos hormonais ainda tem efeitos não completamente conhecidos pelo homem. Atentando para o resumo apresentado, é possível observar que mesmo com um "n" significativo, possui um nível de evidência baixo, mostrando que não obstante o aumento do risco relativo para câncer invasivo de mama observado em um dos estudos, estudo similar aponta para uma redução do risco acumulativo para outros tipos de câncer. É de extrema importância que estudos com elevada evidência sejam realizados, para uma maior compreensão dos efeitos adversos e reais benefícios que o uso, não indiscriminado, de AH de fato possui. É portanto, até a chegada de tais evidência, essencial que haja uma avaliação em conjunto (médico-paciente) do melhor anticoncepcional hormonal a ser utilizado, com a notificação clara dos benefícios comprovados e prováveis, assim como de seus efeitos adversos comprovados e prováveis possíveis, sobretudo pelo grande número de pacientes que utilizam a anticoncepção hormonal como principal método contraceptivo durante toda sua vida.
A relação entre o uso de anticoncepção hormonal (AH) e o risco de câncer invasivo de mama é um assunto de elevada importância em pleno século XXI, uma vez que no mundo inteiro cerca de 140 milhões de mulheres utilizam este método com diversos objetivos: impedimento da gravidez, controle hormonal,.. Segundo o estudo mencionado e realizado em mulheres entre os 15 e os 49 anos, comprovou-se que, de facto, está associado um aumento do risco a desenvolver câncer invasivo de mama em mulheres usuárias de AH e, por sua vez, esse risco está aumentado proporcionalmente à duração da utilização de AH. Sendo que, o aumento do risco é significativo quando o uso de AH ultrapassa os 10 anos. Estes dados devem ser levados em consideração e devem ser alarmantes no sentido de que se realizem mais estudos e pesquisas sobre este assunto, uma vez que afeta uma grande parte da população mundial.
O uso de anticoncepção hormonal é extremamente difundido e, muitas vezes, é feito até sem auxílio médico. É preciso manter em mente que qualquer tipo de manipulação hormonal trará consequências e, possivelmente, alguma indesejada. O surgimento de novas formulações hormonais é rápido e, com isso, surgem novas dúvidas quanto ao perfil de segurança e às possíveis consequências indesejáveis. O estudo sugeriu uma relação entre o tempo de uso de AH e o risco de câncer de mama, evidenciado pelo risco relativo de 1.38 para mulheres com uso acima de 10 anos contra 1,09 para uso inferior a 1 ano. A associação entre o uso de anticoncepcional hormonal e câncer de mama invasivo mostrada pelo estudo deve servir de alerta aos profissionais e incentivar o uso racional de contraceptivos, sempre dialogando com as pacientes e apresentando as alternativas e os prós e contras de cada metodologia.
Contraceptivos orais de estrogênio-progestogênio combinados além de ser uma forma confiável de contracepção, apresenta benefícios não-contraceptivos, sendo úteis no tratamento de uma variedade de distúrbios, incluindo hiperandrogenismo, dismenorréia e sangramento uterino anormal. Existe, no entanto, a preocupação com os efeitos adversos (como eventos tromboembólicos e doença cardiovascular) que inicialmente limitou o uso a longo prazo dessas drogas. Hoje, no entanto, mesmo com a diminuição do conteúdo hormonal e da constante produção de pesquisa, o uso de contraceptivos hormonais ainda tem efeitos não compreendidos pelo homem. Portanto, seu uso deve ser discutido e individualizado no perfil de risco de cada paciente.
Nunca avia pensado na anticoncepção como uma medicação que influenciaria na predisposição ao desenvolvimento de cânceres de mama. É interessante observar que o artigo revela um aumento de risco relativo de 1,2 quando comparado a mulheres que nunca fizeram uso de AH, além disso o uso de DIU com AH também aumenta as chances de desenvolvimento de câncer de mama. É interessante pensar nesse artigo, pois ele prova a intersecção entre a oncologia e a atenção primária, provando como a medicina é um trabalho sempre em equipe, e que talvez outros métodos ou novas tecnologias de medicamentos tem que ser sempre pensadas para que a medicina cause o menor dano possível sempre
A anticoncepção hormonal é de grande importância no dia a dia das mulheres, sendo o uso massivo ao redor de todo o mundo um fator inquietante para a prevalência de possíveis riscos secundários ao seu uso. A AH está inserida no cotidiano médico e imersa num cenário de dúvidas, medos e inseguranças. Trabalhos como esse carregam grandes responsabilidades ao nortear condutas clínicas, pesando benefícios e malefícios do uso desses medicamentos. Logo, a análise crítica da evidência se faz imprescindível. No estudo em questão, apesar de um “n” significativo, possíveis vieses e limitações metodológicas devem ser levados em conta. Além disso, vale mencionar que, apesar do estudo apontar uma relação positiva entre câncer de mama e uso de AH, esses medicamentos, em outras análises, apresentaram-se como fator protetor (redução do risco) para outros tipos de câncer, como cólon, endométrio e ovário. Devemos levar em conta também os benefícios não contraceptivos, como o uso em casos de dismenorreia, hiperandrogenismo e sangramento uterino anormal. A decisão sobre a utilização de AH deve ser compartilhada entre o paciente e seu médico.
É inquietante a falta de evidências sólidas sobre a anticoncepção hormonal, visto que é uma medicação que, direta ou indiretamente, empodera mulheres, no sentido de optarem não menstruar ou menstruarem quando quiser e de ter filhos no momento em que escolhessem. Além da questão social, razões físicas não podem ser esquecidas, como diminuição da cólica e melhora da acne. Eu, como usuária, me questiono sobre minha escolha frente a incertezas científicas e tenho certeza que milhões de mulheres se fazem a mesma pergunta, principalmente agora, na era digital, onde o acesso à informação é mais abrangente, deixando, além disso, leitoras a mercê de inverdades e achismos populares sobre diversos temas. O ideal seria maior divulgação de informações por parte dos profissionais da área da saúde, principalmente na atenção primária, onde geralmente não há atendimento ginecológico especializado.
A falta de evidência científica quanto aos benefícios e malefícios dos métodos contraceptivos para mulheres é apavorante. O número de estudos que abordam este tópico é pequeno e muitos deles, como este, possuem várias limitações metodológicas, tornando difícil uma conduta clara baseada em evidência científica. O uso de AH no mundo elevadíssimo, é um absurdo que não haja ensaios clínicos randomizados avaliando os riscos desses contraceptivos, quando esses riscos podem muito rapidamente virar uma questão de saúde pública mundial. Ainda que este estudo tenha seus problemas, não tenha abordado desfechos como mortalidade por câncer de mama, por exemplo, ou ser uma coorte e não um ECR, ele é de extrema importância por, finalmente, abordar um assunto tão relevante para saúde da mulher e botar uma interrogação na prerrogativa de que o ACO é a melhor opção para todas as mulheres, que é a conduta predominante nas últimas décadas. Essa decisão deve ser compartilhada com a paciente, que precisa estar munida de informação e de todas as opções, com seus prós e contras.
Considerando a alta prevalência de mulheres que utilizam métodos anticoncepcionais hormonais, é essencial que a ciência elucide sua relação com o surgimento de neoplasias. No presente estudo, o risco relativo para câncer de mama mostrou-se maior em mulheres que utilizam AH; o aumento de risco absoluto, porém, foi pequeno. Para outras doenças neoplásicas, demonstrou-se diminuição de risco absoluto em adeptas da AH - notadamente para neoplasias colorretal, endometrial e ovariana. São necessários estudos com maior nível de evidência para que se conclua seguramente sobre a relação entre AH e a incidência de neoplasias malignas.
O câncer de mama é o mais prevalente entre mulheres, tanto nos países desenvolvidos, quanto naqueles em desenvolvimento. Mutações genéticas, consumo de álcool, obesidade e inatividade física estiveram relacionados ao aumento do risco deste tipo de câncer e recentemente, observa-se que a utilização a longo prazo de AH pode ser adicionada a esta lista, aumentando o risco em mulher jovens. Muito importante ressaltar que fatores como idade na puberdade e na menopausa, gestações anteriores e histórico familiar de câncer também devem ser levados em consideração ao analisarmos estudos como este, devido a relação significativa com a incidência do câncer de mama. O balanço de risco benefícios fica de acordo com cada situação, tendo em vista a diminuição do risco de outros cânceres - ovário, endométrio e cólon. Seria interessante o desenvolvimento e análise de estudos com uma maior evidência para um melhor esclarecimento da relação AH e câncer de mama.
É alarmante que ainda não hajam pesquisas com alto poder estatístico sobre as consequências neoplásicas do uso dos AHs, tendo em vista que estes são os principais agentes utilizados pelas mulheres ao redor do mundo tanto para o controle de natalidade quanto para distúrbios hormonais diversos (irregularidades menstruais, hirsutismo, acne, SOP).
A associação entre anticoncepção hormonal e desenvolvimento de câncer de mama permanece mal definida na literatura atual, com grandes estudos, incluindo “Nurses' Health Study”, não mostrando diferença no risco entre usuárias ou não desse tipo de terapia. Em contrapartida, alguns estudos mostraram uma associação positiva, ainda que o risco relativo permaneça baixo. Embora não existam evidências para desaconselhar o uso desse método, é de conhecimento que ele é fator de risco para outras doenças, como tromboembolismo venoso. Dessa forma, é essencial a decisão compartilhada junto a paciente, esclarecendo os riscos e benefícios dessa terapia.
Antes de qualquer debate acerca desse artigo, é essencial esclarecer que somente o fato de iniciar uma terapia de reposição hormonal já confere a mulher um fator de risco para o desenvolvimento de câncer de mama. A porcentagem pode alterar de acordo com tempo de uso, idade, tipo - mas ainda se trata de fator de risco. Questiono-me, então, se essa seria de fato a melhor forma de anticoncepção, visto ser a mais utilizada no mundo. Será que não deveríamos focarmos nossas pesquisas um pouco mais em novas formas de anticoncepção masculina? Ou então encorajar, através dos sistemas públicos de saúdo, o uso de anticoncepções não hormonais?
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