Segurança assistencial está fundamentada na educação de adultos
Fardo, SB & Fleck, JF: Conexão Anticâncer 07(08), 2017
A andragogia consiste na associação de arte e ciência voltadas para a educação de adultos. As bases da andragogia foram estabelecidas em 1950 por Malcolm Knowles e hoje são aplicadas em diversas atividades profissionais. A andragogia enfatiza os valores humanos essenciais e a experiência, estimula a autonomia, a aplicabilidade do conhecimento e a proatividade. A andragogia deve fazer parte da cultura organizacional, especialmente na assistência a saúde, onde o profissional terá que cuidar do paciente, garantir sua segurança e motivá-lo no esforço conjunto de recuperação da saúde.
Recentemente, duas organizações norte-americanas (National Patient Safety Foundation’s Lucian Leape Institute & American College of Healthcare Executives) fizeram uma releitura dos conceitos de Malcolm Knowles aplicando-os na promoção de uma cultura organizacional voltada para a segurança dos pacientes. Esta cultura está centrada na educação de seus profissionais e promoção de líderes comprometidos com a segurança. Nesta cultura de maturidade, os erros são explicitados e encarados como oportunidades de aprendizado e melhoria, desde que não estejam associados a negligência ou intencionalidade (Cultura de Justiça). Muitas organizações hospitalares já vem trabalhando encontros conhecidos como M&M Rounds (morbidity & mortality rounds) onde os erros técnicos são cuidadosamente analisados e criticados. A segurança do paciente passa a ser uma cláusula pétrea da instituição.
A cultura de segurança passou a ser fundamentada em seis intervenções:
1. Estimular uma visão positiva sobre a segurança
2. Construir confiança, respeito e inclusão
3. Selecionar, desenvolver e engajar os colaboradores
4. Priorizar a segurança na seleção e no desenvolvimento dos líderes
5. Promover e recompensar a Cultura de Justiça
6. Criar um comportamento organizacional
A cultura da segurança é um compromisso contínuo que exige a educação constante de adultos na implantação de uma cultura organizacional. Todavia, as intervenções vão além do treinamento dos profissionais. Recursos de psicologia cognitiva promovem o conceito de segurança na visão crítica de seus pacientes, estimulando o entendimento da doença e das recomendações de tratamento. Exercendo a decisão compartilhada, o paciente promove ativamente a implantação de uma cultura de justiça, aumentando a vigilância e melhorando desfechos.
Referências:
Knowles, Malcolm: Informal adult education: a guide for administrators, leaders, and teachers, Association Press, New York, 272p, 1950
Kaplan, GS; Gandhi, TK; Bowen, DJ; et al: Partnering to Lead a Culture of Safety, Journal of Healthcare Management, 62 (4): 234–237, 2017
James Fleck, MD, PhD: Uso da inteligência coletiva nos cuidados anti-câncer | www.jamesfleck.com.br
Desconhecia, até então, o termo Andragogia, ciência que orienta adultos a aprender. Sempre ouço na faculdade que o médico deve ser um profissional autônomo, proativo, detentor de conhecimento e promotor das boas relações humanas, porém é algo que pode ser esquecido durante a vivência da profissão, principalmente no que tange aos valores humanos. Em todas as áreas médicas, especificamente na oncologia, é de fundamental importância que o médico dedique seu tempo de trabalho na construção e lapidação das intervenções que a Andragogia estuda, assim terá mais segurança nas tomadas de decisões (evitando a iatrogenia) e estará apto a orientar o paciente a ser ativo no enfrentamento de sua doença, assim como criará um maior vínculo médico-paciente.
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